‘Mickey 17’ ri do espírito colonizador com trapalhadas de Robert Pattinson
Ator estrela novo filme em inglês de Bong Joon-Ho sobre “descartável” em missão espacial

Após o sucesso absoluto de Parasita, Bong Joon-Ho volta com um novo filme em inglês. Mickey 17 tira inspiração de livro do americano Edward Ashton para colocar Robert Pattinson em situações inusitadas.
O ator interpreta Mickey Barnes, um “descartável” em uma missão espacial. Mas se engana quem pensa que se trata apenas de uma ficção científica. Como de praxe na filmografia do cineasta, há uma visão e mensagem clara sobre a humanidade e questões sociais e históricas. Mickey 17 ri do espírito colonizador e aponta para certa tolice dos “descobridores”.

Com dívidas na Terra, Mickey decide entrar para o programa extremo de realização de tarefas letais. A cada vez que ele morre, seu DNA é “impresso” e replicado em um novo corpo e cérebro. As “trapalhadas” do protagonista e as tentativas de sobreviver são naturalmente cômicas, uma vez que a morte se torna banal quando se pode ressuscitar poucas horas depois. Aos poucos, calculadamente, são inseridas reflexões sobre tal descartabilidade da vida.
A ordem das coisas continua até que um deles, o número 17, é erroneamente dado como morto e substituído prematuramente. Ao voltar para a espaçonave, depara-se com o 18. A existência de “múltiplos” vai contra as regras da sociedade e ambos deveriam ser eliminados, mas eles criam um plano para mudar a realidade de todos na missão.

Pattinson arrasa nos papéis, com uma certa essência em comum, pautada pela empatia. Naomi Ackie e Toni Colette também estão espetaculares, nos papéis de namorada de Mickey e vilã. O longa tem grande dinamismo, que prende a atenção do começo ao fim.
NOTA: ★★★★☆
Publicado em VEJA São Paulo de 7 de março de 2025, edição nº 2934.