Filmes nacionais com temática LGBTQIA+ entram em cartaz neste mês
Os longas 'Sem Coração' e 'A Filha do Palhaço' contam histórias tocantes sobre sexualidade, juventude e família
Neste mês, dois filmes nacionais com temática LGBTQIA+ entram em cartaz nos cinemas e no streaming: “Sem Coração” e “A Filha do Palhaço“. Ambos chamaram a atenção em festivais pela abordagem sensível ao tema, com histórias sobre sexualidade, juventude e família.
Confira a seguir.
SEM CORAÇÃO
Litoral de Alagoas, verão de 1996. A jovem Tamara (Maya de Vicq) está prestes a deixar a vila pesqueira onde mora para fazer faculdade em Brasília. Enquanto aproveita suas últimas semanas no local, conhece uma garota misteriosa, apelidada de “Sem Coração” por causa de uma cicatriz que tem no peito.
A protagonista começa a sentir uma atração inexplicável pela menina e leva o espectador em sua jornada de amadurecimento e descoberta da sexualidade. O enredo foi inspirado livremente na trajetória de Nara Normande, que assina direção e roteiro junto de Tião. O longa, fruto de uma coprodução entre Brasil, França e Itália, é um desdobramento de um curta-metragem de 2013 realizado pela dupla.
Estreou no Festival de Veneza em setembro de 2023, como o único representante brasileiro na edição, e ganhou o prêmio da Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema na Mostra de São Paulo do ano passado. Com equipe majoritariamente alagoana e gravações em Maceió, Porto de Pedras e São Miguel dos Milagres, o intuito da produção é diminuir a distância entre Nordeste e Europa.
Acaba de chegar à Netflix.
A FILHA DO PALHAÇO
A jovem Joana (Lis Sutter), de 14 anos, vai a Fortaleza passar uma semana com o pai, o humorista Renato (Demick Lopes), para conhecê-lo, de fato, pela primeira vez, após crescer longe da figura paterna. Na viagem, descobre a identidade dupla do homem, que à noite se transforma na personagem Silvanelly para entreter o público de bares e casas noturnas. Nesses sete dias, eles aprendem a lidar um com o outro e conhecem suas intimidades.
Com delicadeza, o filme trata da sexualidade em intersecção com a paternidade tardia. O espectador acompanha os conflitos internos do sujeito, bem como as tentativas de se reconectar com a filha e ter uma segunda chance. Inspirado na vida de seu criador e diretor, Paulo Diógenes (Pajeú e Inferninho), o longa também homenageia artistas do riso do Ceará.
Além de Demick Lopes (Greta e Inferninho) e da estreante Lis Sutter, o elenco tem Jesuíta Barbosa, Jupyra Carvalho, Ana Luiza Rios e Valéria Vitoriano. Com produção da Marrevolto Filmes, a obra ganhou o prêmio principal na Mostra de Cinema de Gostoso e o prêmio do público na Mostra de Tiradentes.
Em cartaz nos cinemas.
Publicado em VEJA São Paulo de 7 de junho de 2024, edição nº 2896