Imagem Blog

Filmes e Séries - Por Mattheus Goto

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Um guia com críticas, notícias, entrevistas e eventos sobre cinema e streaming (mattheus.goto@abril.com.br)

‘Emilia Pérez’ é um desastre hipnotizante que desperdiça potencial

Não dá para desviar o olhar da bagunça que é este musical desafinado de Jacques Audiard, estrelado por Karla Sofía Gascón

Por Mattheus Goto
Atualizado em 6 fev 2025, 16h40 - Publicado em 6 fev 2025, 15h35
Karla e Zoe: personagens em parceria para transição de gênero
Karla e Zoe: personagens em parceria para transição de gênero (Divulgação/Divulgação)
Continua após publicidade

Um grande desastre. Não há palavras melhores para descrever a campanha do musical Emilia Pérez, de Jacques Audiard, na corrida pelo Oscar.

O principal concorrente de Ainda Estou Aqui tentou, mas não conseguiu mudar a opinião do público latino, descontente com o fato do filme retratar o México com um diretor francês, um set em Paris e um elenco europeu e americano.

A coisa só piorou quando vieram à tona comentários racistas e xenofóbicos da atriz Karla Sofía Gascón no X (antigo Twitter). Realidade à parte, a ficção em si tem qualidades e defeitos.

Karla interpreta — muito bem — Manitas, um líder de cartel que contrata a advogada Rita (Zoe Saldaña) para ajudá-lo na transição de gênero e iniciar uma nova vida. Ele “morre” para se tornar Emilia Pérez. A situação se complica quando decide, anos depois, se reunir com a família.

Não dá para ignorar que, de fato, o filme poderia ter se passado em qualquer lugar do mundo e os únicos elementos que podem ser associados ao México são os cartéis e o idioma espanhol — por vezes mal falado.

Continua após a publicidade

Há números musicais curiosos, e no mínimo camp, como uma canção sobre operação de redesignação sexual. A narrativa alterna rapidamente entre drama, crime e até ação. Funciona e entretém, mas sofre para encontrar o tom nos vocais — Zoe é a única que salva cantando.

Selena Gomez em 'Emilia Pérez'
Selena Gomez em ‘Emilia Pérez’ (Divulgação/Divulgação)

O diretor tem a intenção de criar uma sátira, mas isso não deveria significar abrir mão de boas vozes — ou de uma pesquisa sobre a causa trans que evitasse reforçar velhos estereótipos. O potencial é prejudicado.

Continua após a publicidade

Fica gritante como a ideia original era ser uma peça, e não um filme. O diretor tirou inspiração de uma personagem secundária do romance Écoute (2018), do francês Boris Razon.

Em suma, é um desastre hipnotizante — não dá para desviar o olhar.

NOTA: ★★★☆☆

Publicado em VEJA São Paulo de 7 de fevereiro de 2025, edição nº 2930

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

A partir de 35,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.