‘Coração de Lutador’ evita clichê ao retratar lutador viciado em drogas
Vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza, filme de Benny Safdie lança Dwayne Johnson como um dos mais cotados ao Oscar de melhor ator

O vício é um dos estados de existência mais tristes do ser humano. Em Coração de Lutador, Benny Safdie mergulha nessa problemática com a biografia de uma figura de diversas faces.
Mark Kerr (Dwayne Johnson) é um lutador peso-pesado com bom coração, que já começa a carreira em alta, como um dos grandes nomes do MMA. Ao lado da esposa Dawn Staples (uma maravilhosa Emily Blunt), busca se superar nos torneios de UFC.
No entanto, o vício em opioides desestabiliza sua carreira e seu relacionamento. A tentativa de se manter longe das drogas é a grande batalha que ele tenta vencer, mas em cada diálogo nota-se que o buraco é mais embaixo.
Graças ao tom irônico do diretor e roteirista, como nos momentos de violência cega nas lutas, vemos o vício de Mark na adrenalina e, principalmente, na vitória. Em uma decisão acertada, Safdie deixa de lado o clichê, mesmo que a custo da satisfação narrativa.
Com precisão, Dwayne Johnson cria esse brutamonte, que cresceu tanto de tamanho a ponto de se afastar de si mesmo e da própria essência generosa e se tornou refém do próprio ego. Não foi uma tarefa fácil e, por isso, ele já vem sendo apontado como um dos mais cotados ao Oscar de melhor ator.
Ao mesmo tempo que o longa entrega as cenas de ação que os fãs do gênero tanto esperam, desvia com sutileza do caminho óbvio e dá espaço às críticas a esse tipo de luta.
NOTA: ★★★☆☆