‘Anora’ é um deleite e merece reconhecimento das grandes premiações
Mikey Madison está magnética na comédia de Sean Baker, vencedora da Palma de Ouro em Cannes, que não levou nenhum Globo de Ouro

O vencedor da Palma de Ouro em Cannes no ano passado merece mais aplausos nos grandes prêmios do cinema. Anora, um deleite, saiu de mãos abanando do Globo de Ouro.
Com um olhar sensível e senso de humor afiado, Sean Baker criou mais uma obra que transforma personagens marginalizados em heróis dos tempos modernos. É quase impossível não se apaixonar pela protagonista, que prefere ser chamada apenas de Ani.
Mikey Madison exala um magnetismo fascinante no papel da jovem que trabalha em um clube de strip-tease no Brooklyn, em Nova York, e muda de vida quando conhece Ivan (Mark Eidelstein), filho de uma oligarca russa. Os dois decidem se casar impulsivamente, mas a união fica ameaçada quando a notícia chega à família na Rússia.
Assim como Mikey, Mark mergulhou fundo no papel e comprou a história. Por isso, é tão divertido e delicioso assistir aos dois juntos, quando uma paixão dúbia toma conta. São performances excelentes, apoiadas em um roteiro cheio de sutileza e virtuosismo.
O conto de fadas chega ao fim com uma realidade devastadora. No final, em meio a dinheiro e poder, todos nós queremos ser amados. É um daqueles filmes que deixa uma sensação duradoura na memória.
NOTA: ★★★★☆
Publicado em VEJA São Paulo de 31 de janeiro de 2025, edição nº 2929