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‘20 Dias em Mariupol’ escancara destruição da guerra na Ucrânia

Documentário de Mstyslav Chernov, indicado ao Oscar, cria sensação de claustrofobia e medo

Por Mattheus Goto
8 mar 2024, 06h00
Explosão de prédio residencial em Mariupol pelo exército russo
Explosão de prédio residencial em Mariupol pelo exército russo (AP Photo/Evgeniy Maloletka/Divulgação)
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✪✪✪✪ Para além da validação do Oscar, com a indicação a melhor documentário, 20 Dias em Mariupol prova sua relevância desde a estreia em janeiro de 2023, no Festival de Sundance — no qual ganhou o prêmio na categoria. O longa acompanha o jornalista ucraniano Mstyslav Chernov durante os primeiros dias do cerco russo à cidade de Mariupol.

O profissional de imprensa foi um dos poucos que ficou no local, cobrindo a guerra para a Associated Press, após as primeiras ofensivas de Vladimir Putin. Pensando na escassez de registros do confronto, decidiu gravar tudo, sem saber o que faria com o material. Graças à parceria da AP com a Frontline, produtora de documentários, nasceu a ideia do filme.

A destruição da guerra é escancarada de modo impactante, a partir da perspectiva dos civis ucranianos. Além da temática, as escolhas do diretor merecem igualmente atenção. Em vez de apresentar esse passado recente por meio de entrevistas, a narração é feita pelo próprio jornalista, que assina a direção, no intuito de transportar o espectador para dentro dos acontecimentos e criar tensão.

Mstyslav Chernov, na linha de frente do confronto
Mstyslav Chernov, na linha de frente do confronto (AP Photo/Felipe Dana/Divulgação)

A sensação é de claustrofobia e medo, ao se ouvirem as explosões ao redor. Mstyslav contou à mídia internacional que escreveu diários e artigos durante essa experiência e percebeu se tratar também de uma história pessoal, por ele ser ucraniano e morador de uma cidade parecida com Mariupol.

Outro cuidado foi o de usar o material como foi captado, para não correr o risco de acusação de manipulação pelo governo russo. isso explica a diferença na qualidade de som do início ao final do longa, pois o microfone quebrou durante as gravações. O jornalista ucraniano diz se sentir hoje mais pessimista e não acreditar que algo mude com a obra.

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“O maior valor deste trabalho é a memória. É um esforço inútil tentar convencer o mundo de qualquer coisa. O mundo olha para onde quer olhar. mas quando o mundo quiser recordar o que aconteceu no início da invasão em à Ucrânia, o filme estará lá”, afirmou ao site norte-americano The Wrap. Em 2023, Mstyslav ganhou Prêmio Pulitzer por sua atuação na linha de frente.

Publicado em VEJA São Paulo de 8 de março de 2024, edição nº 2883

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