O simbolismo do vinho na Páscoa
A bebida, apreciada na bebida Ceia, incorpora outros significados nas comemorações

Entre todos os símbolos da Páscoa, talvez nenhum seja tão antigo e universal quanto o vinho. Presente na Última Ceia, exaltado como sangue simbólico de Cristo, o vinho transcende o copo — é transformação, partilha, renascimento. Não se trata apenas de religiosidade: é enologia também.
A transformação do mosto em vinho é um milagre bioquímico. A uva, após esmagada, passa por uma espécie de morte fermentativa para renascer como algo novo: complexo, expressivo, capaz de atravessar gerações. Não por acaso, é esse o líquido escolhido há milênios para selar pactos, celebrar nascimentos e… sim, ressuscitar esperanças.
Na prática, esse simbolismo pode guiar a escolha do vinho para o feriado pascal. Quer vinhos que traduzam a ideia de renovação? Experimente os espumantes. Nascidos de uma segunda fermentação, eles borbulham alegria e marcam recomeços. São ideais para abrir a refeição, mas não apenas como aperitivo: há espumantes de corpo e estrutura capazes de acompanhar pratos principais com brilho.
Para quem busca introspecção e profundidade — sentimentos também ligados à Páscoa —, os vinhos de guarda podem ser grandes companheiros. Um tinto maturado por anos em garrafa é como a memória viva do tempo. É o vinho que esperou o momento certo para se revelar. Como a própria data, é sobre paciência, fé e recompensa.
Há também os vinhos que repousaram em madeira. A barrica, ao invés de ser apenas recipiente, transforma. Amacia, integra, eleva. São vinhos que falam de passagem, de aprendizado, de evolução. Um branco ou tinto bem estagiado em carvalho é como um ser mais maduro: com menos arestas, mas com mais história.
E o que dizer dos vinhos de colheita tardia? A uva, deixada no vinhedo além do tempo regular, acumula açúcar, complexidade e nobreza. É a metáfora perfeita da espera frutífera. Esses vinhos doces e envolventes são ideais para fechar a refeição com delicadeza e emoção, seja com sobremesas ou apenas com silêncio e contemplação.
Nesta Páscoa, ao escolher o vinho, a sugestão é ir além da harmonização com pratos. Pense no que você quer brindar. Renovação? Memória? Conexão? O rótulo certo é aquele que traduz a sua intenção. Afinal, como disse certa vez um velho enólogo: o vinho só se completa quando encontra um motivo para ser bebido.

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Do italiano Fontanafredda, 100% nebbiolo, com trinta meses em carvalho. Granada entre claro e escuro. Aromas de cerejas pretas, tabaco, especiarias. Paladar de média estrutura. R$ 705,76, na Wine.
> Collezione Oro Cuvée Barrel Aged Rosso Salento IGT 2022
Da Famiglia Rocca, da Puglia (Itália). Elaborado com negroamaro e primitivo, com estágio em carvalho francês. Cor rubi escura. Aroma de frutas vermelhas. R$ 99,90, na Evino.
Publicado em VEJA São Paulo de 11 de abril de 2025, edição nº 2939.
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