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Vinho e Algo Mais

Por Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti

Chegada do inverno marca o melhor momento para abrir um vinho tinto

As temperaturas caem e é chegada a hora de investir em rótulos encorpados e robustos

Por Marcelo Copello
13 jun 2025, 06h00
Taça de vinho
Vinhos para aquecer: encorpados e envolventes (Freepik/Divulgação)
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O frio chega e, com ele, um tipo de ritual que aguardamos o ano inteiro: o momento de abrir aquele tinto que dormia na adega, robusto, musculoso, carregado de histórias e promessas. Chega o inverno — mesmo que por poucos meses — e finalmente temos licença sensorial para extrair da garrafa tudo aquilo que seria exagero no verão.

O tinto encorpado é, no inverno, o protagonista absoluto. E não há quem lhe roube a cena. Passamos o ano flertando com brancos e rosés, leves e refrescantes.

O mercado brasileiro, aliás, está aos poucos descobrindo outras cores e estilos: espumantes finos, brancos vibrantes, rosados gastronômicos, tintos leves. É um movimento saudável, de amadurecimento do gosto e ampliação do repertório. Mas sejamos francos: os tintos encorpados ainda reinam soberanos nas taças nacionais.

São eles o padrão dominante de consumo. O imaginário popular sobre o vinho no Brasil ainda veste terno escuro e fala grosso. E é no inverno que esses vinhos se sentem em casa. Tintos muito encorpados — com taninos, álcool e madeira — ganham vida quando a temperatura cai. Há algo de cerimonial em servi-los.

Primeiro, escolhe-se o vinho com cuidado, como se fosse uma companhia. Abre-se com calma, deixa-se respirar. Em muitos casos, é preciso decantar. Não só para remover os sedimentos, mas para deixar que a fera se acomode e nos mostre sua verdadeira face.

E então, o primeiro gole. Quente, denso, quase mastigável. O vinho envolve a boca como um veludo. Toma conta do palato. Persiste. Impõe presença. Há quem diga que vinhos assim são excessivos. Que pesam, que cansam. Discordo. Todos os estilos têm seu momento, e o inverno é a hora dos gigantes.

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Um grande tinto potente não é exagero, é luxo. Não é para todos os momentos. É essa espera, essa antecipação, que o torna tão desejável. Há um prazer quase infantil em abrir aquele vinho que ficou guardado para uma noite fria. É como acender uma lareira ou usar o melhor casaco. Há algo de performático, sim — e por que não? Vinho também é teatro, é mise-en-scène.

Esses vinhos não entram sozinhos em cena. Exigem pratos de igual peso dramático. Carnes de longa cocção, assados, queijos intensos. Um ossobuco, uma paleta, um boeuf bourguignon — pratos que, assim como os vinhos que os acompanham, aquecem por dentro.

Há tintos que refrescam. Outros que divertem. E há os que aquecem. Os muito encorpados são como fogueiras líquidas: iluminam o rosto, aquecem o peito, reúnem em torno de si. São bebidas para partilhar, para deixar na mesa. E quando o inverno se vai, deixamos eles dormirem mais um pouco.

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Sabemos que o reencontro virá. E que o prazer será ainda maior quando o próximo frio bater à porta.

Duas garrafas de vinhos com fundo branco
Sugestão de rótulos (Reprodução/Divulgação)

José Zuccardi Malbec 2016. Malbec predominante, com um toque de cabernet sauvignon, de vinhedos em Altamira e Gualtallary, no Vale de Uco (Mendoza). Estagia por 24 meses em tonéis usados de carvalho francês. Aromas de frutas negras maduras, notas florais, ervas e especiarias. Na boca, é encorpado, com taninos firmes, acidez equilibrada e final persistente. Um tinto potente e sofisticado. R$ 709,90, na Grand Cru.

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Vértice Limited Edition 2021. Da Viña Ventisque, com uvas de Apalta, um dos melhores vales do Chile. 51% carménère e 49% syrah, com 22 meses em barricas francesas. Cor rubi intensa, aromas de frutas negras, especiarias, pimenta preta e um leve tostado. Encorpado, com taninos polidos e final longo. Tem potencial de guarda. R$ 179,90, na Wine.

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Publicado em VEJA São Paulo de 13 de junho de 2025, edição nº 2948.

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