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Vinho e Algo Mais

Por Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti

Descubra o que é um vinho de terroir

Apesar da difícil classificação, é possível nomear três grandes tipos para facilitar a compreensão

Por Marcelo Copello
24 abr 2025, 06h00
Paisagem com videiras de uvas
Vinícola Clos de los Siete: um dos berços do malbec argentino (Clos de los Siete/Divulgação)
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O que é um vinho de terroir? Essa pergunta instiga apaixonados pela bebida há séculos, mas a resposta não é tão simples. Não há uma definição legal, tampouco uma regra objetiva que determine o que entra ou não nessa categoria. Contudo, podemos nos aventurar em uma classificação de três grandes tipos para facilitar a compreensão.

O primeiro deles seria o de terroir, aqueles que expressam a origem, o solo e o microclima de onde vêm. São vinhos que, ao degustá- los, transportam o bebedor para a origem da bebida. Um exemplo clássico? Sancerre, no Loire, produzido em solo pedregoso de sílex, que imprime inconfundíveis notas minerais, lembrando pedra de isqueiro. Ou os vinhos portugueses da Ilha do Pico, nos Açores, cultivados em solo vulcânico, rodeados pelo Atlântico.

Esses brancos exibem um caráter quase salgado, um toque de maresia que remete diretamente ao lugar de onde vieram. Aqui, o solo e o ambiente são protagonistas, moldando o vinho com identidade única. O segundo grupo seria daqueles que refletem principalmente sua uva ou casta, o caráter varietal. Neste caso, mais do que o terroir, é a cepa que imprime sua marca. Pense em um moscatel ou um gewürztraminer. Ambos, independentemente da origem, exalam aromas florais exuberantes, típicos dessas castas. A presença do solo ou do clima pode existir, mas são secundários frente à potência do DNA varietal. São vinhos que gritam o nome da uva na taça.

Em terceiro, há aqueles que refletem o processo de vinificação. Aqui, a forma como o vinho é elaborado sobrepõe-se ao terroir e até à uva. Um exemplo emblemático é o amarone, no qual as uvas passam pelo processo de apassimento, concentrando açúcares e intensificando aromas resinosos, resultando em um vinho encorpado e alcoólico.

Outro caso clássico é o jerez fino ou manzanilla, marcado pelo amadurecimento sob flor, que confere notas inconfundíveis. E, claro, o champanhe, cuja longa permanência sobre as leveduras (sur lie) imprime aromas de brioche e fermento, tornando o método mais impactante do que a identidade varietal ou a especificidade do solo.

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Diante dessas três classificações, a maioria dos vinhos se encaixa em uma combinação delas. Um grande bordeaux pode expressar tanto seu terroir quanto a tipicidade da cabernet sauvignon e o refinamento do envelhecimento em carvalho. Um barolo, por sua vez, reflete a mineralidade de seus solos calcários, o caráter da nebbiolo e a magia da longa maturação. No fim, vinho é sempre equilíbrio, interação, conversa entre terra, casta e mão do homem.

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Sugestões de rótulos (Reprodução/Divulgação)

Clos de los Siete by Michel Rolland 2021 
Do vale de Uco na Argentina, assinado por Michel Rolland, talvez o enólogo mais famoso do mundo, mestre no uso das barricas e outras técnicas como microoxigenação, que tornam os tintos mais redondos, deixando a marca do processo no produto final. Este fica onze meses em barricas e é um blend com predominância de malbec. R$ 141,06 na Wine.

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Tenuta Sant’Antonio Amarone Della Valpolicella 2019
Esse amarone da vinícola Tenuta Sant’Antonio é um corte das cepas corvina, rondinella e oseleta, com estágio de 24 meses em barricas de carvalho francês de 500 litros. Cor vermelho-granada. Aromas de frutas vermelhas, uvas-passas, muitas ervas. Paladar encorpado, com taninos moderados, acidez alta, 15% de álcool. R$ 415,18, na Wine.

Publicado em VEJA São Paulo de 25 de abril de 2025, edição nº 2941.

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