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Vinho e Algo Mais

Por Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti
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Descubra a importância de provar vinho às cegas

Esse estilo de degustação também é uma forma de aprender mais sobre os rótulos

Por Marcelo Copello
19 Maio 2023, 06h00
Três garrafas de vinho alinhadas em fundo branco.
No escuro: garrafas para testar os conhecimentos (Divulgação/Divulgação)
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Não, não é no escuro, nem ninguém precisa vendar os olhos. Degustar às cegas é apenas provar um vinho sem saber qual é. Para tal, basta embrulhar a garrafa para esconder o rótulo ou apresentar a bebida já na taça. Este tipo de degustação é usado em concursos de vinhos e de sommeliers, por compradores para seleção para o portfólio, por jornalistas e especialistas em geral para publicações, didaticamente, por estudantes da área e por consumidores mais entusiasmados, digamos, como recreação cultural.

Conforme a finalidade entre as aqui listadas, os objetivos e o procedimento da prova cega variam um pouco. Em um concurso de vinhos, o objetivo é classificar os rótulos testados com notas, formando um ranking e elegendo os melhores de cada categoria — uma delas, por exemplo, pode ser uma casta. Os jurados provam, digamos, diversos cabernet sauvignon atribuindo-lhes pontuações para eleger o “melhor cabernet sauvignon”. O que se sabe sobre o vinho neste momento? Isso varia um pouco de um concurso para o outro, mas normalmente sabe-se a safra, em caso de blends, e é possível saber a casta predominante e às vezes, mas nem sempre, a faixa de preço. Essas informações servem para que os jurados avaliem se o vinho está coerente com sua safra, casta e faixa de preço.

As provas de jornalistas, especialistas ou para guias gastronômicos funcionam de forma semelhante a um concurso. O objetivo não é identificar que vinho é, mas simplesmente avaliar sua qualidade. Um sommelier ou comprador de uma importadora, loja, supermercado ou clube de vinhos, por vezes, prova rótulos às cegas com o objetivo de selecioná-los para compor o catálogo da empresa. Para este profissional a informação primordial é o preço. Ele pode estar buscando para seu supermercado um “cabernet sauvignon do Chile, reserva, por até US$ 2,00, preço de atacado na origem”. Ele então experimentará várias garrafas dessa categoria para identificar a melhor para a empresa em que trabalha.

Em um concurso de sommeliers, quem está sendo avaliado é o profissional, em uma competição. Neste caso, o degustador não sabe absolutamente nada sobre a bebida a ser provada, que pode vir em uma taça preta e que eventualmente pode até ser outra bebida que não vinho, como um destilado ou mesmo água. O candidato precisa analisar e descrever o líquido de forma coerente. Depois ele poderá comentar sobre sua qualidade, tentar identificar como o vinho foi feito, o clima da região, métodos de vinificação, sua casta ou blend, origem e faixa de preço e, por fim, dar sugestões de harmonização. Avalia-se aqui a precisão e a coerência do candidato.

A degustação às cegas é uma ferramenta fundamental para profissionais e pode ser também uma brincadeira divertida e educativa para todos os apreciadores da bebida. Pode-se reunir um grupo de amigos, com os integrantes trazendo um vinho embrulhado. Cada um serve o vinho e os demais poderão tentar acertar, em um passo a passo: se é monovarietal ou corte, sua casta ou castas, país, região, safra e teor alcoólico.

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O ideal é degustar em grupo, pois a troca de informações entre os participantes é fundamental. Aviso que, para ter sucesso neste jogo, é preciso muita prática, ou muita litragem.

Duc de Montfort Gigondas 2018
Do produtor Maison Bouachon, da região do Rhône (França). Elaborado com grenache (70%) e syrah (30%), com doze meses em barricas de carvalho francês, é vermelho rubi escuro. Aroma intenso, com notas florais e de frutas vermelhas, ameixa, baunilha, chocolate, alcaçuz, pimenta, alecrim e azeitona preta. Paladar de bom corpo, com taninos doces, acidez equilibrada e 14,5% de álcool. R$ 329,29, na Wine.

Arinto dos Açores 2019
Do produtor António Maçanita, da D.O. Pico, na Ilha dos Açores, em Portugal, é elaborado com a casta local arinto dos Açores, com amadurecimento em inox por onze meses. Cor palha clara, tem aroma fresco e cítrico de limão, com nota mineral que vai do salino ao querosene, lembrando um pouco a riesling. Paladar de boa acidez, apenas 12% de álcool, longo e refrescante. R$ 449,90, na Evino.

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La Clave 2018
Produtor Raúl Pérez, da região de Bierzo, na Espanha. Elaborado com tempranillo, syrah e mencía, com doze meses de amadurecimento em barricas de carvalho francês. Aroma bastante frutado, com frutas mais vermelhas, cerejas, especiarias e mineral terroso. Paladar de médio corpo, boa acidez, 14% de álcool, macio e fácil de beber. R$ 359,99, na Evino.

Publicado em VEJA São Paulo de 24 de maio de 2023, edição nº 2842.

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