Castelão, uma da uvas tintas mais expressivas de Portugal
Versátil e cheia de história, a casta está presente em diferentes regiões, mantendo sua identidade marcante
Entre as muitas uvas portuguesas, poucas têm tanta história para contar quanto a castelão.
Também conhecida pelos nomes pitorescos de periquita ou joão de santarém, ela é uma das tintas mais antigas e emblemáticas do país.
Nascida em solo ibérico, tem personalidade forte: rústica, resistente e cheia de caráter.
Cresce bem em climas quentes, tolera a seca como poucas e prefere solos pobres, onde as raízes precisam cavar fundo para encontrar vida.
Talvez por isso seus vinhos carreguem tanta verdade.
A castelão gosta de ser desafiada. Quando as videiras produzem demais, o vinho se dilui e se banaliza. Mas nas vinhas antigas, de baixos rendimentos, ela se transforma.
A bebida ganha corpo, cor intensa e aromas que lembram cereja, amora e ameixa, com um toque de ervas, especiarias e, com o tempo, um perfume mais profundo, de terra e ao tempo, plantadas em pé-franco antes da filoxera, e que continuam a dar origem a vinhos intensos, sérios e longevos.
Mas a história da castelão não se limita a Setúbal.
No Tejo, ela também tem papel de destaque. Na sub-região Charneca, também com solos arenosos, encontram-se vinhedos velhos que geram
vinagre balsâmico. Jovem, pode ser firme e até um pouco dura; com a idade, fica elegante e envolvente.
Seu grande palco é a Península de Setúbal, onde encontra tudo o que precisa: sol generoso, brisas do Atlântico e solos arenosos que reduzem seu vigor e concentram sabor.
É em Palmela, sobretudo, que a castelão se torna rainha. Ali, há vinhas antigas que parecem resistir grandes vinhos da casta.
Muitos produtores a usam sozinha; outros, em cortes com touriga nacional ou aragonês, criando resultados equilibrados e saborosos.
O que torna a castelão especial é justamente a versatilidade. Ela pode ser um vinho simples e direto ou um grande tinto de guarda.
E costuma manter sua essência: autenticidade. Não tenta ser o que não é — e talvez por isso represente tão bem o espírito português.
Tinto de Castelão by António Maçanita 2021: do Alentejo, 100% castelão, com doze meses em barricas de carvalho francês. Cor rubi entre clara e escura. Aroma de framboesa, ameixa, musgo, tabaco. Paladar de corpo médio, com taninos firmes, 13% de álcool, boa acidez. Perfil elegante, muito bem elaborado e com potencial de guarda. R$ 529,90, na Grand Cru.
Alfacinha Regional Lisboa Tinto 2023: da região de Lisboa. Elaborado com castelão, tinta roriz, touriga nacional. Cor rubi. Aroma de morango e framboesa frescos, além de ervas. Paladar de leve a médio corpo, 13% de álcool, com residual de açúcar. É um demi-sec, mas com boa acidez para equilibrar a doçura e taninos levemente presentes. R$ 47,90, na Wine.
Publicado em VEJA São Paulo de 14 de outubro de 2025, edição nº 2970.
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