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Nove motivos para ver ‘Que Horas Ela Volta?’, filme que vai representar o Brasil no Oscar

Em cartaz em dezesseis salas na capital – e outras seis na Grande São Paulo, em cidades como Guarulhos e São Bernardo do Campo – o filme Que Horas Ela Volta? vem causando comoção por onde passa. A estreia mundial no Festival de Sundance, em Utah (EUA), rendeu às atrizes Regina Casé e Camila Márdila a divisão do prêmio […]

Por VEJA SÃO PAULO
Atualizado em 26 fev 2017, 16h34 - Publicado em 27 ago 2015, 21h35
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Em cartaz em dezesseis salas na capital – e outras seis na Grande São Paulo, em cidades como Guarulhos e São Bernardo do Campo – o filme Que Horas Ela Volta? vem causando comoção por onde passa. A estreia mundial no Festival de Sundance, em Utah (EUA), rendeu às atrizes Regina Casé e Camila Márdila a divisão do prêmio especial de melhor atriz. Países como Franca e Itália também se renderam ao drama da diretora paulistana Anna Muylaert, que está em cartaz em mais de 280 cinemas ao redor do mundo.

O filme ganhou quatro estrelas na avaliação de VEJA SÃO PAULO e elogios enfáticos de jornais como El País e Le Figaro. É difícil, mas caso você ainda não tenha encontrado motivos suficientes para ver o filme, listamos oito razões para correr para o cinema ainda neste fim de semana:

Michel Joelsas

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Se você viu O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias e lembra do garotinho Mauro, cá está ele, quase uma década depois. Michel agora tem 19 anos e faz o papel de Fabinho, o protegido da empregada (e sua babá na infância) Val. Ele também está na TV como o Henrique de Malhação.

Regina Casé

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Esqueça a festiva apresentadora do Esquenta! e tente lembrar mais da Darlene do filme Eu Tu Eles (2000). Como Val, a empregada doméstica que vive em um quartinho da casa dos patrões, Regina Casé se entrega à personagem de uma maneira surpreendente. O gestual – preste atenção nas mãos, no andar e no tronco curvado – e o sotaque pernambucano perfeito criam uma empatia quase automática com o espectador. A relação entre Val e Fabinho (Michel Joelsas), o filho dos patrões, é tocante; e o embate com a própria filha, Jéssica (Camila Márdila), perturbador.

Camila Márdila

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Desconhecida, a atriz brasiliense é a revelação de Que Horas Ela Volta?. Até a chegada de Jéssica, as grandes preocupações de Val são a forminha de gelo vazia no congelador, o refrigerante do patrão e o sorvete do adolescente da casa. Quando sua filha biológica desembarca em Guarulhos, tudo muda – ela expõe a subserviência extrema da mãe, tornando visível as barreiras sociais que Val não enxergava até ali. Sem ser necessariamente agressiva, incomoda justamente por sua perspicácia e seu espírito questionador. Em uma das melhores cenas, trava uma batalha quase sem palavras com a patroa da mãe, Bárbara (Karine Teles) na mesa da cozinha; no mesmo cômodo, vive um diálogo constrangedor com o dono da casa, Carlos (Lourenço Mutarelli), em uma cena feita de improviso.

Humor

01/2014 - Still longa metragem ' Que Horas Ela Volta' - De Anna Muylaert foto: Aline Arruda

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Apesar de não ser exatamente uma comédia, o filme tem seu humor (às vezes involuntário) graças à personagem de Regina Casé. A explosão de alegria de Val quando a filha recebe a nota do vestibular é bonita, mas não deixa de ser cômica; sua relação com a cadela Meg e com os amigos de Fabinho (especialmente com o ‘Caveira’) também faz rir. Na Europa, foi vendido como um “filme de verão”, ou seja: apesar da profundidade do tema, tem leveza e diverte.

Reconhecimento internacional

Mais de 280 cinemas ao redor do mundo – incluindo países como Espanha e Bósnia – estão passando Que Horas Ela Volta?. No Festival de Berlim, foi eleito o melhor filme pelo público da mostra Panorama; Em Sundance, o prêmio de melhor atriz para Regina e Camila foi um afago especial do júri, que nem sempre concede esse troféu. Também foi o melhor filme segundo os espectadores do Festival de Amsterdam.

Cenas de São Paulo

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Embora não seja mostrado, o Largo da Batata é uma das primeiras menções à São Paulo no filme. “Isso não é uma praça, não tem nem um pé de mato”, aponta Val de dentro de um ônibus. O casarão onde se passa a maior parte da história fica no Morumbi; a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e o Copan também se apresentam. Há ainda cenas no Campo Limpo, periferia da Zona Sul.

Sucesso de público 

Em pouco mais de um mês em cartaz, Que Horas Ela Volta?  já atraiu mais de 400 000 espectadores aos cinemas. É um número pequeno se comparado ao das comédias populares, como Loucas pra Casar (mais de 3 milhões de pessoas), mas bastante significativo para uma produção modesta e destinada a um circuito menos comercial. Continua em cartaz em doze salas de São Paulo.

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Crítica social

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A personagem central é uma empregada que acha comum trabalhar quase em tempo integral para uma família rica, que depende dela para colocar e tirar a mesa, lavar roupa, pegar um copo d’água. Val deixou a filha em Pernambuco dez anos antes e acaba criando o filho dos patrões como se fosse seu. Apesar de simpáticos, os donos da casa, Bárbara e Carlos, sempre deixam claro que o lugar da doméstica é da porta da cozinha para dentro. A presença de Jéssica  também é representativa: diferente da mãe, que saiu da terra natal para tentar a vida como babá em São Paulo, ela chega na capital com formação suficiente para tentar cursar Arquitetura na USP. 

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