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Futuros: de dentro pra fora

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Sabina Deweik é jornalista, futurista e caçadora de tendências. Ela dedica-se a rastrear, ler e digerir o futuro, conhecimento que divide em palestras, workshops, capacitações e em sua coluna todas as segundas-feiras

Workslop: o novo mal-estar corporativo da era da IA

O “atalho” da IA que termina em retrabalho humano

Por Sabina Deweik
17 nov 2025, 14h58
a tal felicidade
IA: atalho com conteúdo superficial (Warchi/Getty Images)
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Nas corporações do século XXI, o novo inimigo da produtividade não é a preguiça, é o workslop. Esse termo, que combina “work” (trabalho) e “slop” (algo malfeito, desleixado), define o dilúvio de tarefas e conteúdos criados por IA que parecem bons, mas são, na verdade, são trabalho malfeito disfarçado de eficiência. entregas com verniz de produtividade e essência de superficialidade. Falta contexto, falta análise, falta pensamento. Falta humano.

Segundo a Harvard Business Review, o uso da IA nas empresas dobrou desde 2023, mas 95% das empresas não veem retorno mensurável. Nunca produzimos tanto e nunca entregamos tão pouco. O problema não é a tecnologia, mas a forma apressada e superficial com que a utilizamos.

A explicação é desconcertante: estamos terceirizando não apenas tarefas, mas pensamento crítico. Entregas que antes exigiam pesquisa, discernimento e contexto agora saem de ferramentas generativas em segundos e chegam aos gestores com aparência impecável, mas sem profundidade. O workslop nasce dessa pressa em parecer inovador sem estruturar uma cultura de uso consciente da IA.

Nesse afã de “ser digital”, muitos profissionais substituíram reflexão por prompts genéricos. Uma pesquisa citada pela CNN Brasil mostra que 40% dos trabalhadores já receberam entregas “IA-feitas” que exigiram retrabalho, gerando até duas horas extras semanais por pessoa, um custo que pode chegar a US$ 9 milhões anuais em perdas de produtividade. É a chamada produtividade artificial: volume sem valor.

Essa nova praga corporativa mina algo ainda mais valioso que o tempo: a confiança. Mais da metade dos trabalhadores que receberam esse tipo de entrega passaram a considerar seus colegas “menos competentes ou menos confiáveis”. É a reputação profissional sendo corroída por dentro não pela má intenção, mas pela terceirização do pensar.

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E há um paradoxo ainda mais cruel: a promessa da IA era liberar tempo para que as pessoas pudessem focar no que importa como estratégia, empatia e criatividade. Em vez disso, muitos estão atolados revisando o que a IA gerou, criando um novo tipo de sobrecarga cognitiva.

No Brasil, o fenômeno começa a ganhar força. Já há empresas usando o termo “lixo de IA” para descrever relatórios automáticos que confundem mais do que esclarecem. O alerta é claro. Sem curadoria humana, a tecnologia vira um multiplicador de mediocridade.

O verdadeiro futuro do trabalho não está em produzir mais rápido, e sim em produzir com mais consciência. Em vez de “prompt engineers”, precisaremos de “curadores de sentido”: profissionais capazes de avaliar, filtrar e aprimorar o que a máquina entrega.

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Em tempos de workslop é urgente fazermos perguntas mais profundas: o que é, afinal, produtividade? É quantidade de entregas ou a qualidade de pensamento? É a velocidade de resposta ou a relevância da solução?  O que realmente define valor no nosso trabalho?

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