‘O Homem Cordial’: uma denúncia à sociedade da intolerância
"Acho que muitas pessoas vão reconhecer a si próprias", diz ator e rapper Thaíde sobre o filme de drama

✪✪✪ Premiado no Festival de Gramado em 2019, antes da pandemia, O Homem Cordial finalmente foi lançado nos cinemas brasileiros. Com direção e roteiro de Iberê Carvalho (o último escrito em parceria com Pablo Stoll), o drama brasileiro traz Paulo Miklos, Thaíde, Dandara de Morais, Thalles Cabral, Theo Werneck e grande elenco.
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E, apesar de a produção ter sido finalizada em 2019, a trama permanece assustadoramente atual. Nela, Aurélio (Miklos, ótimo no papel principal) se envolve em uma situação que resulta na morte de um policial. Ele, que é vocalista de uma famosa banda de rock que fez sucesso nos anos 90, tenta defender um jovem prestes a ser hostilizado.
Mesmo que ninguém saiba exatamente o que aconteceu e não dê o espaço para Aurélio contar seu lado, grupos radicais passam a perseguir o cantor e a família do garoto. O filme trabalha de forma bem efetiva o impacto que as “fake news” e o preconceito têm na vida destes personagens – o que só engrandece a história a ponto de ainda deixá-la com traços atuais.
À Vejinha, Thaíde afirma que O Homem Cordial parece narrar o dia a dia do brasileiro. “Eu gostaria de poder falar que é uma ficção, mas não, é a realidade. A história mostra o Brasil que o próprio Brasil rejeita ou finge não conhecer”, diz.
O artista, que também é rapper e aceitou o trabalho por ter tido uma conexão profunda com o roteiro, acredita que o cinema é uma ferramenta que induz a reflexão. “Acho que muitas pessoas vão reconhecer a si próprias no filme. Espero que haja uma reavaliação pessoal. ‘Será que eu sou assim? Como posso melhorar?’.”
Publicado em VEJA São Paulo de 17 de maio de 2023, edição nº 2841