Com grande elenco, ‘Clonaram Tyrone!’ tem enredo distópico e racializado
Cheio de teorias da conspiração, novo filme da Netflix é protagonizado por John Boyega, Jamie Foxx e Teyonah Parris
✪✪✪ Um dia comum como qualquer outro. É assim que Clonaram Tyrone!, na Netflix, começa a apresentar a história do traficante Fontaine (John Boyega). Mas é questão de tempo até que uma série de incidentes transforme a história em uma ficção científica distópica.
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Os rumos da narrativa mudam quando o protagonista vai cobrar dinheiro do cafetão Slick Charles (Jamie Foxx), que tem uma relação com a prostituta Yo-Yo (Teyonah Parris). O trio descobre um esquema de conspiração envolvendo clonagem e controle de massa que os fazem questionar a vida em sociedade — no estilo “falha na Matrix”. O filme proporciona reflexões em diversos níveis, deixando uma grande pergunta (ou resposta) no final da trama.
A estética tenta replicar o movimento cinematográfico norte-americano blaxploitation, dos anos 1970, que buscava retratar narrativas da população preta marginalizada. O resultado, produzido pelo diretor de fotografia Ken Seng, é uma atmosfera noturna, com luzes neon e figurinos nostálgicos.
Lembra um pouco o afrofuturismo, que fala sobre a importância da ancestralidade africana para a construção do futuro por pessoas pretas. Questões e referências raciais são apresentadas de forma despretensiosa no roteiro. A química entre os atores funciona muito bem, com destaque para John Boyega e Teyonah Parris.
Publicado em VEJA São Paulo de 2 de agosto de 2023, edição nº 2852