Clark apresenta criminoso que inspirou o termo “Síndrome de Estocolmo”
Produção da Netflix é estrelada por Bill Skarsgård, ator que interpreta o palhaço de It — A Coisa
✪✪✪ Logo nos minutos iniciais de Clark, minissérie da Netflix, é evidente que a experiência a seguir não será comum. Afinal, a vida de Clark Olofsson — criminoso que ganhou os holofotes da Suécia e do mundo nas décadas de 60 e 70 — não deve ser classificada como “normal”.
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O protagonista (interpretado por Bill Skarsgård, de It — A Coisa) narra seu nascimento e, a partir daí, o espectador acompanha diversas experiências de sua instável vida. Porém a série é baseada nas verdades e mentiras contadas pelo próprio Olofsson em sua autobiografia, o que limita a convicção de que ele pode ser alguém confiável.
De paquerador a assaltante de banco, a produção de seis episódios aborda a trajetória do homem que desafiou leis, quebrou inúmeros corações com seu jeito de aproveitador e enfrentou diversos obstáculos em sua busca incessante pela liberdade.
Entre tantos outros feitos nada glorificados (exceto por ele mesmo), Olofsson foi o responsável por inspirar o termo “síndrome de Estocolmo”, condição em que a vítima desenvolve um vínculo com o sequestrador ou agressor.
Todo o cenário do famoso assalto que durou dias é apresentado com atenção, mas o título não se prende a apenas essa informação mais conhecida: o passado de Clark é evidenciado, seja pela relação com a mãe, que sofria nas mãos do marido, como pelas inseguranças do próprio.
Os episódios são bem dirigidos e surpreendem por condensarem tão bem uma história extremamente complexa, que poderia cair em repetições e possíveis desgastes diante de uma figura que, em teoria, não merece empatia. Mas, com a atuação sublime de Skarsgård — que realmente entrou na pele do personagem — o significado da famosa síndrome ganha uma camada irônica: é difícil não se apegar à jornada de Olofsson na ficção.
Suas andanças pela Suécia, as pessoas que conhece, os problemas que encontra e os amores que sente por diferentes mulheres ajudam a moldar uma pessoa tão repugnante quanto singular.
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Publicado em VEJA São Paulo de 1 de junho de 2022, edição nº 2791