Vale a pena visitar a Voyager, casa de experiências em realidade virtual?
São 30 títulos disponíveis no catálogo rotativo, que atendem a todos os tipos de jogadores
Assim como boa parcela dos meus colegas de geração, grande parte do meu tempo livre disponível na infância e na adolescência foi investido em jogos eletrônicos. Então não é surpresa que, logo que os jogos de realidade virtual começaram a bombar lá em 2014, eu tenha comprado a ideia muito facilmente. Claro que não é o caso para todo mundo. Ainda hoje, muitas pessoas que passam em frente à vitrine neon da Voyager, no JK Iguatemi, ainda não sabem muito bem o que aquela galera “esquisita” está fazendo. A confusão é tanta que até de academia a loja já foi chamada.
Em atividade desde julho de 2018, o empreendimento é uma casa de experiências em realidade virtual. São 30 títulos disponíveis no catálogo rotativo. Se ficar um pouco perdido, vale conversar com um dos simpáticos monitores, que ajudam os indecisos na escolha e acompanham a experiência toda com orientações.
Comecei minha viagem com a novidade A Linha, que na verdade é um curta-metragem, vencedor do prêmio VR Experience no 76º Festival Internacional de Cinema de Veneza. Em uma maquete interativa, você deve apertar botões e girar manivelas para comandar a história de amor de Pedro e Rosa em uma apaixonante São Paulo dos anos 1940. É uma diversão à parte reconhecer pontos icônicos da capital, como o Edifício Altino Arantes e o Pico do Jaraguá.
A experiência começa com o jogador sentado e é necessário se agachar em mais um momento da trama. Foi aí que questionei minha própria coordenação motora e tive certeza de que iria cair fazendo o movimento no escuro. Ainda bem que deu tudo certo. “É um novo jeito de fazer cinema, em que praticamente todo mundo se engaja. Queríamos produzir algo que não poderia ser visto em uma tela 2D”, explica o diretor Ricardo Laganaro. Ele está trabalhando em uma nova história no modelo, a multiplayer Odd & Ity, que deve discutir aspectos da polarização.
O curta é um dos quatro títulos exclusivos ofertados, produzidos pelo estúdio ARVORE, que deu início ao projeto. Também vale a pena conferir os outros três: Pixel Ripped 1989, Beleaf e YUKI. Neste último, fui transportada para a imaginação de uma garotinha que encontra uma nave como brinde em uma caixa de cereal. A partir daí, a brincadeira vira um bullet hell (um jogo de tiro bem intenso, em que é difícil desviar dos projéteis). E tudo que você tem contra centenas de alienígenas é uma nave de ataque e uma de defesa.
A jogabilidade é um pouco esquisita no começo, pois você tem que se lembrar constantemente de desviar dos obstáculos com as mãos, e não com o corpo, diferentemente do que os seus instintos querem fazer. Depois de aprender os controles, fica um pouco mais fácil – mas não tanto, como o estilo manda.
Quem costuma fazer muito sucesso é o famoso Beat Saber, que fica em uma vitrine aberta para quem passeia no corredor do shopping. Uma pagação de vergonha sem fim. Claro que eu tinha que testar.
É como se a franquia Star Wars e o jogo Guitar Hero tivessem um filho: você corta os blocos coloridos no ritmo da música com dois sabres de luz, um vermelho e outro azul. As cores correspondem aos quadrados que devem ser atingidos. E a brincadeira cansa! As músicas têm níveis de acordo com a velocidade dos acordes. Quinze minutos da eletrônica mais acelerada já fazem os menos ativos (como eu) pedirem uma pausa.
Mais tranquilo e amado pelas crianças é o Job Simulator, em que dá para viver um dia como cozinheiro, mecânico, atendente de loja de conveniência ou trabalhador de escritório. Em qualquer uma das opções seu chefe é um computador mandão, que dispensa uma tarefa atrás da outra. Como boa adulta, a experiência pacata não me atraiu muito. Vale avisar que o jogo, ao menos no meu caso, estava em inglês e sem legendas, o que pode dificultar a vida de quem não tem um bom nível no idioma.
De acordo com o cofundador Rodrigo Terra, todo tipo de pessoa pode jogar, basta ter curiosidade. “Queremos mostrar que a tecnologia está evoluindo, que não é mais aquela montanha-russa de 2015. Ela não é feita para te fazer passar mal! A ideia é justamente o contrário: te transportar para outro universo de forma segura”. Passam por lá crianças, adolescentes, executivos e idosos.
Atualmente não há planos para uma nova loja física. Entretanto, a marca aposta no formato 2GO, versão itinerante mais compacta e fácil de montar. Até abril, o pop-up está instalado no Shopping Eldorado.
Voltaria? Com certeza. Um “problema” do espaço é que dá vontade de experimentar todas as opções disponíveis, mas para isso seriam necessárias várias horas de jogatina – o que não sai muito barato. Voyager. Shopping JK Iguatemi. Telefone: 3152-6057. Segunda a quinta, R$ 34,90 (30 min); R$ 59,90 (60 min); sexta a domingo, R$ 49,90 (30 min); R$ 69,90 (60 min).
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