Palavra Cantada fala sobre nova fase e legado na música infantil
Em entrevista, Paulo Tatit e Sandra Peres destacam criação e conexão com gerações

Como é para vocês verem que músicas criadas há décadas ainda encantam o público infantil de hoje?
PAULO: Permanecer na cultura musical infantil por várias gerações mostra que todo nosso esforço continua relevante para a música brasileira.
SANDRA: As canções que fazemos desde 1994, são canções que tratam da infância sempre conectadas com ritmos do nosso país.
Os temas que escolhemos, as melodias compostas, a interpretação, têm um compromisso com o cotidiano das crianças e suas famílias, o que permite que elas não fiquem datadas e desta forma atravessam gerações. Com trinta anos de carreira estamos na segunda geração.
O álbum Cenas Infantis, indicado ao Grammy Latino, traz canções que já se tornaram queridinhas do público e algumas novas também. Como foi o processo de criação do repertório?
PAULO: Acho que o processo de trabalho tem nuances diferentes que levam a resultados diferentes para cada canção, mas partimos de uma melodia, é a parte emocional de toda canção, para depois compor a letra, que é a parte que toca as pessoas em seus sentimentos.
Esse processo evita que o resultado fique focado apenas numa moral ou ensinamentos, como acontece na maioria dos trabalhos musicais infantis. Fica divertido de escutar.
Em um mundo conectado às telas, o festival propõe experiências “na vida real” para as crianças. Qual é o papel da música nesse resgate da convivência e da imaginação?
SANDRA: É muito importante termos propostas na quais as famílias e suas crianças podem passar o dia em atividades musicais. Todos vibram e cantam juntos as canções.
A música sempre esteve presente em celebrações. Ela transcende as diferenças. Todos ali juntos num grande coro sem fronteiras . Sabemos que ela nos leva para um estado alterado de consciência, onde podemos ir para um lugar de alegria e serenidade.
Publicado em VEJA São Paulo de 3 de outubro de 2025, edição nº 2964.