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Banalizaram a oficina?

Em um shopping, em uma loja, em um restaurante. Se você é pai ou mãe de uma criança com mais de três anos, com certeza já foi “vítima” de uma falsa oficina. Funciona mais ou menos assim: placas, sites, flyers ou redes sociais convidam as crianças a participarem de uma atividade x, que pode ser […]

Por VEJASP
Atualizado em 26 fev 2017, 22h11 - Publicado em 21 abr 2014, 15h29
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Em um shopping, em uma loja, em um restaurante. Se você é pai ou mãe de uma criança com mais de três anos, com certeza já foi “vítima” de uma falsa oficina.

Funciona mais ou menos assim: placas, sites, flyers ou redes sociais convidam as crianças a participarem de uma atividade x, que pode ser de habilidades manuais, culinária ou artes. Os pais, na melhor das boas intenções, levam os filhos para a tal atividade, motivados pelo fato de que vão fazer algo “educativo” com os rebentos. Chegando lá, na maioria dos casos, pessoas totalmente despreparadas para ensinar o que quer que seja (ou mesmo entreter, se for esta a ideia) recebem os pequenos com propostas esdrúxulas, como colar um confeito num chocolate (de um patrocinador, claro) ou adesivar um cubo de plástico com logomarcas. Artes plásticas? Culinária? Do que a gente está falando mesmo?

Fico pensando quem é que os shoppings, lojas ou restaurantes acham que estão enganando. Eu, como mãe, saio com bronca do estabelecimento que me fez perder tempo com um falso aprendizado para minha filha. E ela, por sua vez, que já teve experiências de oficinas de verdade, também não se deixa mais enganar.

Na última vez, que aconteceu esses dias, passeando pelos corredores de um shopping de luxo vimos uma casinha linda de coelho. O convite estava lá “participe da oficina de Páscoa”. Já não esperava nada, mas ela ficou atraída pelo cenário (eu também, confesso), pediu e fomos. Umas mocinhas puxaram cenouras de feltro bem cerzidas e propuseram: você coloca esse enchimento, dá uma laço e cola esses dois adesivos. Não é exagero dizer que a “atividade” durou menos de dois minutos. Minha filha reconheceu depois: “eu não me diverti muito”. E eu fiquei me perguntando: por que propor atividades assim?

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Não acho que o fato de ter sido gratuito – como muitas vezes essas oficinas são – diminui a frustração com as propostas vazias. Até porque, na maioria dos casos, o que se pede em troca (mesmo que indiretamente), é um gasto no local ou o fornecimento de dados para um mailing, o que não é pouca coisa. Mas também há muitos casos de oficinas pagas que não ensinam coisa alguma. Até em festa infantil já vi profissionais – que cobram caro – que juntam três canetinhas e um papel e falam que é oficinal. Nada contra atividades simples, mas vender isso como “oficina” é menosprezar muito a capacidade das crianças (ou o julgamento dos pais), não é?

Na maioria das vezes, como no caso do shopping de luxo, não se trata de falta de verba – fiquei pensando que ao invés de pagar por aquele cenário tão lindo e tão caro ou por aquelas cenourinhas de tecido, a administradora do centro de compras poderia ter investido na consultoria de alguém com experiência em ensino infantil que poderia propor qualquer tipo de atividade com mais consistência. Não pode ser tão difícil assim atrair clientes com uma atividade verdadeira, certo? Já fui em oficinas sem pirotecnia e bem sucedidas em lojas, livrarias, centros culturais e Sescs e sei que isso é possível.

Para os pais, apesar de vez ou outra eu mesma cair na cilada, sugiro: por mais que a intenção seja boa, diante de uma falsa oficina, não perca tempo. Corra pra casa e promova uma sessão de massinha, de cozinhar junto, de origami ou de pintura em tecido. Será, sem dúvida, muito mais educativo.

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