O que os paulistanos podem esperar do Afropunk Brasil 2025
Da ponte aérea ao palco: o Afropunk redesenha rotas e afetos de quem vem de São Paulo.
Agosto de 2019, Brooklyn. Eu atravesso o portão do Commodore Barry Park e sinto que o mundo ficou do lado de fora, não por negação, mas por suspensão. Era o meu primeiro Afropunk. Depois veio Joanesburgo, na virada de 2019 para 2020: um réveillon que, em vez de promessas, entregou presença.
E, então, a Bahia: trio elétrico no Carnaval de Salvador, porque, quando o Afropunk entra na avenida, ele não ocupa um espaço, ele cria um território. Corta para 2025. O Afropunk Brasil chega à quinta edição como festival em Salvador, mas já não cabe apenas nos dois dias de palco. Virou linguagem, temporada, destino.
Entre uma edição e outra, a plataforma desembarcou com o Afropunk Experience em Belém, São Luís, São Paulo e Rio de Janeiro, espalhando fagulhas do que acontece quando a diáspora negra decide transformar encontro em infraestrutura cultural.
É festa, é discussão, é mercado, é futuro em construção. Se você é paulistano, a pergunta é direta: o que esperar deste Afropunk Brasil 2025? A resposta talvez comece fora do line-up. “O paulistano que vem pro Afropunk em Salvador não tá só pegando o avião pra um festival. Ele tá embarcando numa travessia cultural.
Entrar no avião e já encontrar ali crença, atitude, energia, looks. A experiência começa ali, dentro do avião, porque você olha pro lado e percebe que os seus pares estão ali, indo pelo mesmo motivo: viver Salvador negra, viva, pulsante, por outra ótica”, afirma Ana Amélia Nunes, sócia da IDW Entretenimento, empresa organizadora do Afropunk.
“Para a edição de 2025, 40% do público está vindo de fora de Salvador. Dessas pessoas que estão vindo de fora, o estado número um que manda mais gente para o festival é São Paulo. No final das contas, acaba se tornando uma grande plataforma de turismo. Então nesse quinto ano do Afropunk no Brasil, reforça esse grande encontro global que acontece em Salvador”, disse Potyra Lavor, fundadora e CEO da IDW Entretenimento.
Em 2025, a curadoria promete ser daquelas que expandem o dicionário do corpo. Tems pisa o Brasil pela primeira vez e, com ela, a travessia recente do Afrobeats das pistas de Lagos para Salvador. Coco Jones estreia na América Latina com um R&B que devolve sofisticação de pista a um gênero muitas vezes subestimado por aqui.
E o encontro inédito entre BaianaSystem e Sister Nancy costura Recôncavo e Kingston, carnaval e sound system, numa apresentação pensada para ser única, o tipo de raridade que faz gente atravessar ponte aérea por 90 minutos de catarse. Para o público de São Paulo, vale um aviso de quem já foi, voltou e tornou a ir: esqueça o relógio. Salvador tem outra métrica. Guarde tempo para errar caminho no Pelourinho, para um almoço sem pauta no Santo Antônio, para a conversa que começa numa feirinha e termina num after no Rio Vermelho.
O Afropunk é o ápice, mas a cidade é o arco. No fim das contas, o que os paulistanos podem esperar do Afropunk Brasil 2025? Esperem pertencimento. Esperem excelência artística, estética, logística. Esperem economia criativa com endereço e cores. Esperem, sobretudo, a oportunidade de trocar o verbo “assistir” por “participar”.
Porque, se tem algo que aprendi do Brooklyn a Joanesburgo, do trio elétrico ao Parque de Exposições, é que o Afropunk não nos convida a ver um show, ele nos convoca a ensaiar o mundo. E, quando a gente acerta o passo, São Paulo e Salvador dançam juntas.
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