“Histórias que Só Existem Quando Lembradas”
Por Tiago Faria Filha da cineasta Lúcia Murat (do recente “Uma Longa Viagem”), a carioca de 32 anos escolheu um ponto de partida arriscado para seu primeiro longa-metragem de ficção: integrar elementos do documentário às liberdades do realismo fantástico. Embora a ideia seja mais fascinante que a realização, não são raros os encantos de um […]
Por Tiago Faria
Filha da cineasta Lúcia Murat (do recente “Uma Longa Viagem”), a carioca de 32 anos escolheu um ponto de partida arriscado para seu primeiro longa-metragem de ficção: integrar elementos do documentário às liberdades do realismo fantástico. Embora a ideia seja mais fascinante que a realização, não são raros os encantos de um filme capaz de seduzir (muito) lentamente o espectador — principalmente aquele disposto a embarcar numa proposta delicada e contemplativa. Após pesquisar o cotidiano do Vale do Paraíba, Julia compôs a fictícia Jotuomba, cidade-fantasma onde vive a septuagenária Madalena (papel de Sonia Guedes). Nada especial parece acontecer no cotidiano dessa mulher. Todos os dias, ela faz pão para o armazém de Antônio (Luiz Serra), atravessa a linha de trem, vai à missa e almoça com os velhos amigos. Essa rotina morosa sofre um baque com a chegada de Rita (Lisa E. Fávero). A jovem fotógrafa logo nota um ar de estranheza na região. Os portões trancados de um cemitério, por exemplo, parecem impedir a morte das pessoas. Exibido em mais de vinte festivais, entre eles Veneza, o drama se influencia pela atmosfera onírica de uma parte da produção oriental dos últimos anos, representada por autores como Hirokazu Koreeda, de “O que Eu Mais Desejo”, para criar um ambiente simultaneamente poético e árido, sem fronteiras entre passado e presente.
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