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Monges gaúchos fazem cerveja na panela

Há alguns meses, um grupo de monges instalado em Rio Pardo (RS) incluiu, entre as orações e tarefas do dia, uma atividade diferente: o planejamento e a produção de cerveja em uma panela de 50 litros. A ideia, que nasceu a partir das lembranças de juventude de Dom Roberto Maria Borges Teixeira, superior do Mosteiro […]

Por VEJA SP
Atualizado em 26 fev 2017, 22h40 - Publicado em 25 fev 2014, 16h39
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O padre Bernardo: um caldeirão de cerveja (Foto: Mosteiro Cisterciense Nossa Senhora de Nazaré/Divulgação)

Há alguns meses, um grupo de monges instalado em Rio Pardo (RS) incluiu, entre as orações e tarefas do dia, uma atividade diferente: o planejamento e a produção de cerveja em uma panela de 50 litros. A ideia, que nasceu a partir das lembranças de juventude de Dom Roberto Maria Borges Teixeira, superior do Mosteiro Cisterciense Nossa Senhora de Nazaré, não deve se limitar às produções caseiras. O grupo já estuda como produzir comercialmente a receita que vem sendo testada até agora. Ela já foi batizada como Rotunda.

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O padre Bernardo Maria Goulart dos Santos, responsável pelas produções, conta ter aprendido a prática em outubro, em um curso com o cervejeiro caseiro Guenther Sehn em Bento Gonçalves. “A partir daí, tivemos a certeza de que conseguiríamos fazer cerveja.” Superior do mosteiro, Dom Roberto havia ajudado o avô a produzir a bebida na infância em Porto Alegre, nos anos 60. E se espantou com as mudanças no processo. “Na época dele, se colocava o fermento diretamente nas garrafas, e muitas explodiam”, afirma Santos.

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Segundo ele, houve uma certa relutância inicial em relação à produção de cerveja. “Mas notamos que, nos últimos tempos, houve um aumento grande, ao menos no Rio Grande do Sul, na procura por cervejas artesanais e especiais. Creio que o mesmo ocorra no resto do Brasil”, diz. “Além disso, todo mosteiro deve ter a tendência de ser autossustentável, e buscamos verbas para concluir a construção do nosso.” Por ora, as produções caseiras são doadas a pessoas que ajudam na obra, já que não podem ser comercializadas.

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Na balança: medição da quantidade de lúpulos da receita (Foto: Mosteiro Cisterciense Nossa Senhora de Nazaré/Divulgação)

O projeto da cerveja comercial, ainda em estudo, tende a buscar a terceirização da produção em uma cervejaria, sob supervisão dos monges. O mosteiro fica próximo de uma microcervejaria gaúcha, a Heilige, em Santa Cruz do Sul. O nome Rotunda, diz o padre, significa “redonda, harmoniosa, elegante” em latim.

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Até agora, já foram feitas três levas pelos monges, sempre da mesma receita, uma Ale (cerveja de alta fermentação) de inspiração belga, marrom-avermelhada e com cerca de 7% de teor alcoólico. “Buscamos um meio-termo entre as cervejas muito escuras e com muito malte torrado e as claras que são mais próximas do que as pessoas consomem no dia-a-dia”, diz Santos. Para buscar informação sensorial na criação da receita, ele diz que provou, com os colegas, as belgas Leffe e Affligem, além de produções caseiras.

E os monges podem beber cerveja? “Nossa relação com a bebida está ligada às comemorações de Páscoa, Natal e à Festa de São Bento. Nesses momentos, temos liberdade de consumir a bebida. Sempre junto com as refeições, claro. Também é certo que tomemos cerveja quando as obras do mosteiro estiverem concluídas.”

Hoje, o Nossa Senhora de Nazaré abriga sete monges. Eles chegaram à região em 1998 e, inicialmente, se instalaram na cidade. Santos estima que o mosteiro deve ser concluído em cerca de três anos. “Depende de conseguirmos dinheiro. Hoje produzimos e vendemos pães, velas, incenso, damos palestras e recebemos doações de  quem faz retiro conosco.”

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