Como lidar com cães que latem em excesso
O zootecnista Alexandre Rossi dá dicas sobre a questão
Esta é uma questão bastante relatada por tutores que precisam de auxílio com comportamentos indesejados de seus cães: os latidos em excesso. Trata-se de uma situação que pode gerar, além de stress para todos, problemas sérios com a vizinhança, inclusive o risco de pessoas mal-intencionadas tomarem atitudes que prejudiquem a integridade física do cão.
Comportamento natural como espécie
Antes de discorrer sobre as causas e como lidar com latidos em excesso, é importante sempre lembrar que vocalizar é um comportamento natural dos cachorros e faz parte de seu repertório de comunicação. Assim como o nosso falar, latir, para os cães, é uma forma de comunicar várias emoções e sentimentos.
Portanto, eles sempre vão latir em determinadas situações. O que aqui iremos discutir são as medidas a serem tomadas quando o comportamento extrapola o considerado natural e esperado.
Fatores predisponentes
Existem diversos fatores que podem predispor um cão a latir em excesso. Muitas vezes, só de pensar neles já é possível identificar que algumas mudanças na rotina poderiam ajudar (e muito!) na solução dessa questão.
Algumas raças tendem a vocalizar mais, como cães de guarda que sejam excelentes em alarmar os tutores. Nesses casos, como já existe uma predisposição genética, todo e qualquer barulhinho na vizinhança se torna um motivo para latir.
O nível de energia do cão é outro fator. O que quero dizer com isso? Cada um tem uma necessidade maior ou menor de atividades cotidianas para poder dar vazão ao seu nível de energia. Portanto, pets mais agitados e dispostos a diversos exercícios tendem a vocalizar mais em caso de falta do que fazer no dia a dia.
Outro fator importante a ser considerado é a ansiedade. Cães mais ansiosos podem latir mais em situações gatilho. É o caso daqueles que latem sem parar quando estão sozinhos em casa.
O que fazer
Uma providência importante, qualquer que seja o motivo que leve o cão a latir em excesso, é proporcionar a ele mais atividades em sua rotina. Isso inclui passeios, idas a parques, praças e locais de convivência com outros cachorros. Dentro de casa, também é possível tornar a vida mais ativa, com brincadeiras como jogar bolinha e ensinar os comandos “busca” e o “solta”.
Além disso, aposentar o pote de comida e só utilizar brinquedos que liberam alimento para as refeições do cão ajuda. Só essa medida já tornará aquele momento mais estimulante para vários sentidos importantes para os cachorros, como o olfato.
Garantir que o cão tenha acesso à convivência com a família é também uma providência importante. Já que são animais sociais e, quando inseridos em uma família humana, ficam muito mais tranquilos e relaxados.
Identificar o que motiva os cães a latir explica quais são os gatilhos que geram o comportamento, e treinar limite com o pet também ajuda bastante a diminuir o comportamento caso seja excessivo. Isso significa associar que latir nessas situações não gera boas consequências.
Por fim, recompensar (com algo que realmente motive o cão, como o petisco preferido dele) os comportamentos de tranquilidade e silêncio para estímulos que fazem o cachorro latir é a medida mais importante e eficaz do treinamento!
Por Alexandre Rossi, zootecnista, especialista em comportamento animal e sócio-fundador da Cão Cidadão.