Sticker espalha marcas de Luiz83 pelas ruas e propõe análises
Adesivos continuam a questionar quem é bem-vindo ou não às instituições
Em diferentes aberturas de exposições na cidade de São Paulo, desde março de 2022, Luiz 83 tem distribuído stickers (adesivos) a quem encontra pela frente, com simpatia, seja artista, curador, crítico. Na diminuta peça, de 3 centímetros de altura por 6 centímetros de largura, há seu rosto estampado e a frase: “Vocês não gostam de nós”. Parece direta a relação entre o preconceito racial e o dizer, porque Luiz 83 é negro. Contudo, há outras camadas a analisar.
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“Há outras questões, como classe e ser de periferia”, aponta o artista, que usou a mesma foto na inscrição do Salão Anapolino de Arte, de Goiás. “Desde lá, eu pensava em criar uma obra a partir dessa imagem. Pedi a CK Martinelli, que fez a foto, para ter um pouquinho de paciência, porque estava em busca desse sorrisinho sarcástico”, relembra ele, que contou na feitura da peça com a ajuda do designer gráfico e também amigo André Fillur.
É interessante, considerando o trabalho de Luiz 83, pensar que o sticker é uma modalidade bastante usada por artistas que tiveram uma trajetória pregressa nas ruas. É um jeito de espalhar ainda mais sua marca. Esse adesivo remete àqueles que são distribuídos nos museus para comprovar a aquisição dos bilhetes de entrada. Daí surge a questão de quem é bem-vindo ou não às instituições. Pergunta que ainda hoje, pelo que indica o sticker de Luiz 83, continua a ressoar.
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Publicado em VEJA São Paulo de 11 de maio de 2022, edição nº 2788