O artista carioca Edu de Barros teve seus planos profissionais modificados pela pandemia de Covid-19. Edu abriria uma exposição na Sé Galeria em 28 de março. Sua intenção era chegar a São Paulo duas semanas antes para montar a mostra e construir uma instalação. “Minha ideia era fazer uma espécie de retiro, gosto muito de ter uma relação maior com os espaços”, pontua o artista.
Diante da adoção da quarentena, teve de tomar uma decisão: voltar para o Rio ou ficar em São Paulo. Ele escolheu a segunda opção e transformou a galeria em sua casa. Seu companheiro na aventura é o produtor e amigo Raoni Azevedo, que habita com Edu esse doce lar improvisado desde 20 de março.
“Tomamos banho de balde no pátio, onde também fica a cozinha. No 2º piso, colocamos as camas e as nossas roupas”, esmiúça Edu, que tem trabalhado em afrescos nos tetos e paredes. Para construí-los usou dez chapas de drywall e tintas látex. “Considerando a origem da técnica do afresco, pintar essas placas de gesso é como fazer um comentário sobre a velocidade da arte hoje, quando se erguem e desmontam exposições muito rapidamente”, diz o carioca.
Sobre as figuras que nascem no espaço, ele afirma que não segue uma narrativa linear, prezando pela espontaneidade. As referências são diversas: desde cadeiras amarelas e de plástico vistas em bares e panelas que são usadas para manifestar o descontentamento com políticos até um controverso boné vermelho — cuja cor pode gerar repulsa ou identificação em diferentes setores.
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Ao acessar @edudebarros_ no Instagram, é possível acompanhar com calma a “residência” do artista, permeada com sua investigação de mudanças de paradigmas no Brasil, chamadas por ele de #apocaliseverdeeamarelo.