Itaú Cultural destrincha raízes de Chiquinha Gonzaga em exposição
Questão racial é o viés utilizado para falar sobre a cantora e sua família
A compositora e musicista Chiquinha Gonzaga (1847-1935) tem sua vida esmiuçada em uma exposição no Itaú Cultural. Um trunfo da mostra é abordar a biografia da artista por um novo viés, a questão racial. O pai de Chiquinha, José Basileu Gonzaga, era um militar e a mãe, Rosa Maria Neves de Lima, dona de casa, cujos antepassados eram homens e mulheres escravizados. Devido à cor da pele de Rosa, negra, o matrimônio ocorreu sob protestos da família paterna.
É possível ver as fotos dos genitores de Chiquinha por lá, bem como sua certidão de nascimento. A primeira composição da artista, Canção dos Pastores (1858), feita aos 11 anos, também pode ser ouvida na visita, bem como a famosa Ó Abre Alas (1899). Um ponto baixo da mostra é a dificuldade técnica para se ouvir depoimentos, criados a partir de escritos de Chiquinha e interpretados por artistas, como a cantora Fabiana Cozza.
Pede-se que o visitante se posicione em determinado ponto para escutar o áudio, contudo, a posição indicada não é certeira e muitas vezes a voz some. Há legendas, mas a experiência fica prejudicada. Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149, ☎ 2168-1777. Terça a domingo, 12h às 18h. Até 18 de julho.
Visitas agendadas em: tinyurl.com/ydnwt2ub.
+Assine a Vejinha a partir de 8,90.
Publicado em VEJA São Paulo de 19 de maio de 2021, edição nº 2738