“Tudo que é dito sujo merece ser desmerecido?”, diz Camila Soato
Junto a sua produção de telas, artista constrói esculturas com esterco que serão exibidas na SP-Arte
A brasiliense Camila Soato, de 35 anos, pesca personagens e situações na internet para construir suas pinturas com tinta a óleo sobre tela. Como o mundo virtual é mais do que vasto, ela criou então alguns filtros. “A primeira peneira é o humor, busco imagens esdrúxulas do cotidiano”, aponta a artista.
Os cachorros, presentes na fase inicial de sua produção, encarnam esse aspecto e também se entre- laçam com a biografia dela. “Cresci em Planaltina de Goiás, cidade que dista 60 quilômetros do Plano Piloto. Quando minha família chegou aqui, a cidade não era asfaltada. Os cachorros eram uma espécie de diversão. Cruzavam-se, faziam xixi, sem pudor, uma espécie de liberdade que rompia os padrões”, explica.
Em seus trabalhos atuais, Camila, de volta a Planaltina desde abril de 2018, prepara esculturas, feitas com excremento de vaca, terra e palha. “Meu grande questionamento com essas e outras peças é: ‘Tudo o que é dito sujo merece ser desmerecido?’ ”, provoca a brasiliense, que deve ter sua pergunta respondida pelos visitantes da SP-Arte. A feira ocorrerá em abril deste ano, no Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera.