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Rede de hortifrúti inaugura o centro ecológico Vila da Terra

Endereço na Vila Madalena tem escola de plantio orgânico, ponto de reciclagem, feirinha de pequenos produtores e outras iniciativas sustentáveis

Por Helena Galante Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 2 ago 2019, 15h19 - Publicado em 2 ago 2019, 06h00

Quando abriu em frente à Praça das Corujas, na Vila Madalena, em 2013, o hortifrúti Natural da Terra tinha uma grande pretensão: ser uma espécie de Eataly, com múltiplos setores e espaços gastronômicos. Faltou verba, e o resultado se tornou um elefante branco com cantos fechados por tapumes, um terraço com uma bela vista inutilizado, o mercado isolado por paredes e o acesso basicamente para carros. “O bairro nunca acolheu essa unidade. Era preciso adequá-la ao entorno”, afirma Gonzalo Fernandez Castro, do Partners Group, comprador da rede no fim de 2017.

Roberta Mourão, da Escola da Terra: iniciativa quer trazer uma vida mais natural para a cidade (Ricardo D'Angelo/Veja SP)

A abordagem para o problema foi heterodoxa. Em parceria com a agência Allma Hub Criativo, o fundo bilionário topou participar de uma “reunião de empatia”. Em roda, moradores do bairro, produtores e funcionários começaram a debater no começo deste ano como seria o futuro ideal do complexo. No lugar de um shopping com farmácia e loja de conveniência, chegou-se a um projeto que trouxesse a experiência do campo para dentro da cidade. Com investimento de mais de 3 milhões de reais, o agora batizado Vila da Terra será inaugurado neste fim de semana, com escola de plantio orgânico na cobertura, feirinha de pequenos produtores e ponto limpo de reciclagem, além da venda de produtos hortifrutigranjeiros.

Monge Dada, do Sutilmente, com os sucos que serão vendidos ali e ajudarão a ONG Amurt-Amurtel: impacto social no centro do negócio (Allma Hub Criativo/Divulgação)

Essa demanda por um endereço mais natural ressoou com a história pessoal do argentino Fernandez Castro, formado na Harvard e que morou por onze anos na Suíça antes de se mudar para cá, seis anos atrás. “Eu sentia fortes dores de cabeça até conhecer um monge indiano que me ensinou a meditar e adotar uma dieta vegetariana”, lembra Castro. Na nova fase do empreendimento, uma barraquinha com os sucos do Monge Dada, criador do portal sutilmente.org, ocupará parte do estacionamento. Uma fração da renda das bebidas, batizadas de The Power of Health in Your Hands (ou “o poder da saúde em suas mãos”) e oferecidas em versões como a de cúrcuma, maçã, aipo, funcho, gengibre e cenoura, será revertida para a ONG Amurt-Amurtel, que leva técnicas como ioga e shantala a quatro creches na Zona Norte.

Ana Paula Ferreira, à frente do ponto limpo educador: toda a gestão do lixo será feita no local, que ainda vai receber materiais recicláveis da vizinhança (Ricardo D'Angelo/Veja SP)

Numa ação de impacto social, um espaço no terraço será destinado a produtores familiares, que terão condições de negociação diferentes daquelas dos fornecedores tradicionais do varejo. A venda rola ao lado do plantio de mais de cinquenta espécies, de pancs (plantas alimentícias não convencionais) a temperos e ervas medicinais. Todas estão em sacolonas de ráfia montadas sobre rodinhas — a “zona rural” na Vila Madalena, afinal, tem suas peculiaridades. “Na Escola da Terra, as crianças vão poder aprender as etapas desde o ciclo de plantio até a compostagem. Haverá ainda um biodigestor que vai gerar combustível para um fogão”, conta Ana Dugaich, fundadora do Allma Hub, responsável também pela curadoria das palestras e pela programação dos encontros. Um cinema ao ar livre para exibição de filmes sobre o futuro da alimentação, espaço com brinquedões de madeira para as crianças e um coworking aberto à comunidade completam a oferta de serviços. O Lab do Fechado, espaço fixo do projeto Fechado para Jantar, do chef Raphael Despirite, e o novo restaurante vegano VegTals, do empresário Rodrigo Rivellino e da chef Andrea Henrique, estão previstos na sequência.

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Projeto final do Atelier Marko Brajovic: ainda sem previsão de instalação completa (Atelier Marko Brajovic/Veja SP)

Desenhado pelo Atelier Marko Brajovic, com paisagismo de Daniela Ruiz, o projeto final tem uma versão ainda mais elaborada, com paredes de vidro e rampas integradas na fachada, mas ainda sem data definida para a instalação completa. “Encaramos o prédio como uma estrutura permeável, que deve funcionar com fluxos equilibrados”, afirma Brajovic. No dia a dia do mercado, porém, o uso de isopor e filmes plásticos evidencia um longo caminho a ser percorrido. “O negócio do varejo ainda não sabe adotar um fazer sustentável total”, pondera Castro. “Mas a ideia é que essa loja abra caminhos para o segmento.” A gestão completa do lixo gerado e o uso de materiais alternativos, como bandejinhas feitas de mandioca, estão entre as inovações testadas ali.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 07 de agosto de 2019, edição nº 2646.

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