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“Verba? Nem à Parada Gay nem à Marcha para Jesus”, diz Joice Hasselmann

Autoproclamada única pré-candidata de direita à prefeitura, a deputada federal defende internação compulsória de usuários de droga e diz que quer mudar IPTU

Por Pedro Carvalho
Atualizado em 2 nov 2020, 16h56 - Publicado em 28 ago 2020, 03h40
Imagem mostra Joice posando diante de quadro
Joice Hasselmann no apartamento que aluga em Higienópolis (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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Qual seria a vitrine de sua gestão?

Fazer mais e melhor. As últimas gestões foram de gente incompetente, preguiçosa, corrupta, que não tem a energia para comandar ou todas as coisas juntas. Mas uma boa gestão é bem-vinda a qualquer candidato.

Qual seria sua marca na cidade?

Estimular o empreendedorismo. A prioridade é: como os paulistanos vão sobreviver e pagar suas contas após a pandemia. Também vou cobrar IPTU de quem não paga e modificar algumas taxas.

Quais?

A taxa de luz. Se você ganha dois salários mínimos, paga 10 reais. E a casa do João Doria paga 10 reais. Quero torná-la proporcional à conta. Que diferença faz para o Doria pagar 100 reais?

Outra questão do pós-Covid é o aumento dos moradores de rua no centro. Qual seria sua abordagem?

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Tem de separar quem perdeu a condição de pagar aluguel de quem está nas drogas. Ao viciado, internação compulsória, que é legal, sim. Os outros temos de tentar resgatar, oferecer ajuda psicológica, fazer a ponte com a família. E tem de ser um trabalho conjunto com as igrejas.

Joice Hasselmann
No Lauzane Paulista: “Mente quem diz que conhece a cidade toda” (Jonatas Aquino/Divulgação)

Você usaria prédios abandonados do centro para moradia? Como?

Com certeza, para moradia popular. Não dá para usar o prédio como está, nem gastar dinheiro público para reformar. Tem de fazer parceria público-privada. A iniciativa privada faz um “retrofit”, para que o prédio possa ser comercializado para pessoas de renda mais baixa.

Como baixar a passagem de ônibus?

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Primeiro, tem de acabar o subsídio da prefeitura, de 3,1 bilhões de reais por ano. No Rio de Janeiro, não tem subsídio e as empresas têm lucro. Vou romper com as empresas. A prefeitura será dona das garagens e dos ônibus. Tem de acabar também a SPTrans, que não serve para nada. E chamar uma auditoria externa.

É a favor de maior adensamento e uso comercial em bairros como Jardins e Alto de Pinheiros?

Sim. Penso em mudar o Plano Diretor, que é engessado e antiquado. É preciso fazer o estudo de impacto. Mas se quiser trazer a população mais perto do emprego, só com mais adensamento e uso misto.

A senhora tem ido fazer campanha no Jardim Peri, em Parelheiros… Conhecia essas áreas antes?

Algumas, sim. Não todas. Quem falar que conhece São Paulo inteira estará mentindo.

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A senhora se diz a única candidata de direita e tem 2% de intenções de voto. O que aconteceu com a onda direitista de 2018?

Deu uma espalhada, mas dá para reorganizar. A campanha não começou. Políticos tradicionais, como o Geraldo Alckmin, começam lá em cima e terminam passando vergonha. É o que vai acontecer com o Bruno Covas. E Bruno é Alckmin, não é Doria. Ele terá tempo de TV, mas não tem conteúdo, vai apresentar o quê? O chafariz de 94 milhões (reforma no Vale do Anhangabaú)? O Bruno é uma nulidade como prefeito. Está passando por dificuldade? Sim, e quero que vença isso. Mas não dá para misturar as coisas.

“Tem de separar quem perdeu a condição de pagar aluguel de quem está nas drogas. Ao viciado, internação compulsória, que é legal, sim ”

Por ser conservadora, a senhora mexeria na verba da Parada Gay ou na educação sexual nas escolas?

A Parada Gay é uma instituição de São Paulo. Tem de acontecer. Como acontece a Marcha para Jesus. Agora, não tem de haver verba pública nem para uma nem para outra. A iniciativa privada é que tem de colocar dinheiro e ter lucro com isso.

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E as escolas?

Educação sexual tem de acontecer. Acho que se politizou demais isso, se criou uma ideia de que educação sexual é ensinar sacanagem. Não é isso. A gente está discutindo como no século XIX. As pessoas me perguntam se sou a favor ou contra o casamento gay. Digo que depende: se me chamar para ser madrinha, sou a favor (risos).

A senhora foi vítima de uma campanha de difamação ligada a seu corpo. Mudou a forma como vê o discurso feminista?

Mudou. E mais ainda a forma de olhar o discurso machista. Percebi o que é a crueldade do machismo. E um machismo que veio do Planalto. Essa campanha não teve só um dedo do Planalto, teve o Planalto todo, até o presidente (Bolsonaro).

Ainda assim, a senhora disse que receberia de braços abertos o apoio do presidente na candidatura. Não é uma incoerência?

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Se as bandeiras forem recuperadas, podemos conversar. Mas acho muito pouco provável. E eu jamais confiaria nele como confiei. Mas só reataria se ele fizesse retratação pública. Ele atacou no público, não adianta pedir desculpa no privado.

Deseja o apoio dele?

Essa é uma resposta difícil. Tem a resposta que eu deveria dar, a do partido e a minha. A resposta que eu posso dar: se ele vier para somar, que venha. Para destruir, que fique onde está. E o perfil dele é destruir.

A senhora perdeu 20 quilos. Como foi o processo? Como se sente?

Fui muito humilhada por ter engordado. E destruí minha saúde para ajudar quem me humilhou. Dormia duas horas por noite para tocar o Congresso com um governo esquizofrênico. Fiquei gorda. Não gostava de olhar pra mim, eu me escondia com roupas maiores. Resolvi dar um basta. Passei quarenta dias tomando sopas de pé de galinha, osso de boi e osso de peixe. É no osso que está o colágeno. Percebi que estar bem é a melhor resposta para essa gente. Podem me atacar. Talvez os convide para a posse.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 2 de setembro de 2020, edição nº 2702.

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