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Dobra número de usuários de drogas na região da Avenida Paulista

Delegacias da área registram aumento de até 40% nos furtos

Por Sérgio Quintella Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 17 nov 2017, 06h00 - Publicado em 17 nov 2017, 06h00

Há cerca de uma década, o fenômeno da Cracolândia deixou de ser exclusividade de alguns quarteirões na Luz. Outros bairros passaram a abrigar as próprias legiões de usuários de drogas. Um dos locais acometidos pelo drama foi o Complexo Viário José Roberto Fanganiello Melhem, em Cerqueira César, ponto emblemático por ligar cinco das vias mais importantes da capital: Paulista, Consolação, Rebouças, Doutor Arnaldo e Pacaembu.

Mas o que até recentemente se limitava a um punhado de viciados hoje em dia ganha contornos mais preocupantes. Diariamente é possível deparar por ali com cerca de 100 pessoas, mais que o dobro da média de três anos atrás. Na esteira desse movimento ocorreu o aumento da violência. As delegacias próximas à área registraram elevação nos casos de crimes contra o patrimônio.

A mais relevante ocorreu no 4º DP, na Consolação, com 6 087 furtos entre janeiro e setembro deste ano, alta de 42% em relação ao mesmo período de 2016. No 23º DP, em Perdizes, houve 5 850 ocorrências, um crescimento de 14%. Para efeito de comparação, a média de aumento na cidade no mesmo intervalo de tempo foi de 7%.

Consumo à luz do dia na Rua Minas Gerais: presença de traficantes (Leo Martins/Veja SP)

Além de mais apinhada, a Cracolândia da Avenida Paulista passou a receber um tipo diferente de público em tempos recentes. Até há alguns anos, os frequentadores limitavam-se a usuários fixos. Hoje é possível encontrar também traficantes e “clientes” esporádicos, que chegam de outras regiões da cidade e só passam ali para adquirir o produto. Ou seja, de mero ponto de consumo, o local está se tornando um centro de distribuição.

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“É comum ver o pessoal estacionar aqui na frente, atravessar a rua, fumar uma pedra e voltar depois para o carro”, diz a síndica de um edifício na Rua Minas Gerais. Os vizinhos costumam reclamar da atuação da polícia. “Nossa localidade fica numa divisa de três distritos policiais, e falta um foco específico no combate a essa situação”, afirma Marta Regairás, presidente do Conselho de Segurança Comunitária dos bairros Consolação, Higienópolis e Pacaembu.

A Secretaria de Segurança Pública argumenta que há um aumento na produtividade policial, com 145 pessoas presas em flagrante na região em 2017, 21% mais que no ano passado.

O entorno também se tornou mais sujo. Muitos usuários de drogas juntam objetos — de móveis e equipamentos eletrônicos velhos a fios de cobre — para trocá-los por porções de entorpecente.

Barracas em praça nos Jardins: cerca de vinte moradores (Antonio Milena/Veja SP)

“Retiramos mais de 2 toneladas de entulho toda semana, mas sempre aparece mais. Levamos embora um sofá e no dia seguinte surgem mais dois”, afirma o prefeito regional da Sé, Eduardo Odloak, que arma operações conjuntas com outras secretarias, como a de Segurança Urbana e a de Transportes, para conseguir limpar a área. “Os usuários mais agressivos não deixam o pessoal trabalhar, e já tivemos funcionários atacados com pedras e paus”, completa.

Nas próximas semanas, a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social deve anunciar um plano específico para a Cracolândia da Paulista. “Identificamos quinze usuários em situação mais precária, que receberão tratamento priorizado”, diz o secretário Filipe Sabará.

O cruzamento com a Consolação, no entanto, não é o único ponto na região da Paulista em que se verifica um aumento recente no número de usuários de drogas e outros moradores de rua. No mês passado, após serem expulsos do vão livre do Masp, cerca de vinte sem-teto — incluindo quatro crianças — instalaram dez barracas de camping na Praça Alexandre de Gusmão, próximo ao Parque Trianon, nos Jardins.

Na segunda (13), a prefeitura realizou uma limpeza no local, mas não retirou as armações. Os vizinhos se queixam da invasão. “Além dos fixos, há muitas pessoas que chegam à noite e aproveitam a escuridão para fumar crack no coreto da praça. Deixei de frequentar o espaço”, afirma a advogada Juliana Della Torre.

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