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Como chegamos até aqui: um ano de covid em frases e fotos

As datas que a cidade não vai esquecer, restaurantes que fecharam, grupos que desrespeitaram a quarentena e outros acontecimentos durante a pandemia

Por Pedro Carvalho
Atualizado em 27 Maio 2024, 20h31 - Publicado em 19 mar 2021, 01h40
Montagem com imagens da reportagem
Um ano de Covid: personagens e fatos que marcaram a pandemia em São Paulo  (Divulgação/Veja SP)
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No dia 20 de março de 2020, chegava às bancas a primeira edição da Vejinha que trazia a pandemia de Covid-19 como o assunto principal da capa. Era um guia para ajudar os paulistanos a suportar a quarentena que entraria em vigor na semana seguinte.

Naquela altura, a capital registrava as primeiras vitimas da doença e o governo anunciava o fechamento de escolas e serviços não essenciais (confira na linha do tempo). Um ano — e 22 capas dedicadas ao tema — depois, a cidade tem 673 443 casos, 19 741 mortos e 86% dos leitos de UTIs ocupados.

E essa triste soma está longe de terminar. “Nada indica que o quadro vá melhorar nos próximos dias”, diz Edson Aparecido, secretário de Saúde do município. “Hoje, não temos alguns problemas que tivemos na primeira onda, como a falta de EPIs ou o desconhecimento da doença. Mas a população não tem a mesma adesão à quarentena que teve no início”, afirma.

Nas páginas a seguir, VEJA SP relembra declarações de personagens que marcaram esse período, faz um balanço dos restaurantes que a cidade perdeu, reencontra o jovem de Paraisópolis que estampou uma capa no início da quarentena e, por fim, reproduz uma coleção de flagras de aglomeração que ajudam a explicar por que São Paulo enfrenta uma segunda onda de Covid-19 ainda mais grave que a primeira.

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Não vamos fechar parques ou o setor cultura. Em São Paulo não há indício de segunda onda.

Bruno Covas, prefeito, em 9/11/20

Imagem de Bruno Covas posando para foto com a cidade de SP ao fundo
(Alexadre Battibugli/Veja SP)

 

Meu irmão chutou um número: 50 milhões. E a família embarcou.

Ana Maria Diniz, explicando a doação da família fundadora do Pão de Açúcar, em 20/5/20

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Ana Maria Diniz em seu escritório
Ana Maria Diniz (Arquivo Pessoal/Divulgação)

 

 

Montamos uma estrutura do Sírio-Libanês dentro do colégio

Mauro Aguiar, diretor do Bandeirantes, sobre os privilégios dos alunos, em 28/10/20

Mauro Aguiar, diretor do colégio Bandeirantes
Mauro Aguiar, diretor do colégio Bandeirantes (Divulgação/Divulgação)

 

Na quarentena, o rico vai para a casa de praia. O pobre divide um quarto com a família inteira.

Edu Lyra, da rede Gerando Falcões, em 22/4/20

Imagem de Edu Lyra sentado em uma cadeira
Jovens ligados a famílias de empresários realizam evento em prol da ONG Geraldo Falcões, que atende 1.200 famílias na periferia da Grande São Paulo. Eduardo Lyra, criador da ONG. (Alexandre Battibugli/Veja SP)
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As mulheres ficaram trancadas em casa com os agressores.

Jamila Ferrari, coordenadora das Delegacias da Mulher, sobre a alta nas queixas, em 29/4/20

São Paulo 17 abril 2020Foto Alexandre Battibugli
Jamila Ferrari: coordenadora das Delegacias da Mulher (Alexandre Battibugli/Veja SP)
Entre as três (Moderna, AstraZeneca e Sinovac), a nossa é a única com tecnologia testada em larga escala há décadas, então é mais previsível.

Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, em 19/6/20

Como chegamos até aqui: um ano de covid em frases e fotos
Na coletiva para anunciar a parceria com a Sinovac: doses serão gratuitas (Governo do Estado de São Paulo/Divulgação)
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A luta pela vacina vai ser feroz. Isolado, o Brasil corre o risco de ficar no final da fila.

Rubens Ricupero, diplomata, em 27/5/20

Rubens lendo um livro em seu sofá
Diplomata em quarentena: isolamento e tempo para ler A Divina Comédia (Acervo Pessoal/Veja SP)

 

Eu vivi uma guerra. Estou vivendo outra.

Costanza Pascolato, que nasceu na Itália e tem lembranças do primeiro conflito mundial, em 22/4/20

retrato de Costanza Pascolato
Costanza Pascolato: colunista e editora de moda (Leo Martins/Veja SP)

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DE VOLTA À FAVELA

Em março do ano passado, VEJA SÃO PAULO destacou a foto de Marcus Vinicius dos Santos para mostrar as dificuldades do isolamento social em Paraisópolis.

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Capa da Vejinha do dia primeiro de abril
Marcus Vinicius dos Santos: capa da Vejinha no ano passado (Veja SP/Veja SP)

Qual a atual situação da pandemia no bairro?

No início, até por me virem na revista, os moradores acataram bem o isolamento. O tempo passou, o governo afrouxou as regras e o pessoal voltou para a rua. Rolavam até bailes funk. Hoje, a AMA do bairro está lotada.

As doações caíram?

Muito. A gente chegou a distribuir 3 000 marmitas por dia na comunidade. Agora são por volta de 500. Hoje (15) uma senhora veio debaixo de sol pedir uma marmita, e tive de dizer que tinha acabado. Fiquei muito triste.

Você morava com mais dezenove pessoas. Como está a situação na casa?

Eu me mudei para a casa de um amigo por um tempo, até mandarmos nossos pais para um sítio no Maranhão. Estou de volta. Somos 22, porque nasceram duas bebês. Quatro de nós recebiam o auxílio emergencial, agora estamos sem a ajuda. Como sou cuidador de idosos, fui vacinado. É um alívio.

Balanço da capital: 673 443 casos, 19 741 mortes, 1 193 106 doses de vacinas aplicadas. BAIRROS COM MAIS MORTES: Sapopemba 807, Brasilândia 623, Grajaú 617. 25% da população com anticorpos para o vírus
Fontes: Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Estadual de Saúde, Inquérito Sorológico de SP / Dados de 16/3 (Arte: Marcelo Cutti/Veja SP)
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BAIXAS NA GASTRONOMIA

La Frontera

Um dos primeiros restaurantes gastronômicos a fechar na pandemia, a charmosa casa com janelões em Higienópolis serviu a última refeição em março do ano passado.

Namga

Fechado desde maio, era um dos únicos endereços da cidade com menu tailandês

Marcel

Nascido em 1955 no centro, passou aos cuidados de Jean Durand no fim dos anos 60 e nunca mais saiu das mãos da família.

Teve vários endereços, até se fixar no térreo de um hotel nos Jardins, em 1994. Famoso pelos suflês, revelou o talento do chef Raphael Despirite, neto de Durand. Fechou em julho passado.

Salão do Marcel, e abaixo, um foto do suflê da casa
O Marcel e, abaixo, o famoso suflê da casa (Divulgação/Antonio Rodrigues/Divulgação)

Bierquelle

Fora do circuito gastronômico badalado, a casa de Interlagos servia pratos alemães de qualidade. Despediu-se do público em julho de 2020.

Micaela

A casa de cozinha brasileira preparada com técnicas espanholas modernas fechou em janeiro de 2021. O chef e proprietário Fábio Vieira, premiado como revelação pelo COMER & BEBER em 2014, disse que “as incertezas da pandemia complicaram muito o negócio”. Hoje, ele está à frente da cozinha dos cafés Santo Grão.

Mundo Pão do Olivier

Primeiro foi a unidade da Vila Nova Conceição, que durou apenas cinco meses. Neste mês, a matriz da padaria de Olivier Anquier, perto da Praça da República, encerrou as atividades. “Vivemos um desmoronamento daquilo que construímos”, lamentou o chef e apresentador.

Salão do La Frontera
Salão do La Frontera (Clayton Vieira/Veja SP)

 

ASSIM SURGE A SEGUNDA ONDA

Os flagras de desrespeito ao distanciamento social foram tema de diversas reportagens ao longo do ano

Reunião de cerca de seis pessoas sem máscara na Praça Vinicius de Moraes, no Morumbi
CERVEJA: Reunião sem máscara na Praça Vinicius de Moraes, no Morumbi, em 27/5/20 (Alexandre Battibugli/Veja SP)

 

Baile funk com a rua completamente lotada de pessoas, todas sem máscaras e apertadas
PANCADÃO Baile funk na Rua Theotônio Pavão, na Zona Leste, em 3/2/21 (Reprodução/Reprodução)

 

Largo da Concórdia, pessoas atravessando a rua
SEM PROTEÇÃO Nas ruas, poucas pessoas de máscara. Largo da Concórdia, no Brás, no início de fevereiro (Alexandre Battibugli/Veja SP)

 

Praça da Sé com aglomeração
CENTRO LOTADO Na região central, as aglomerações eram frequentes. Praça da Sé, em maio de 2020 (Alexandre Battibugli/Veja SP)

 

Aglomeração de pessoas assistindo a uma corrida de racha
RACHA Multidão assiste a carrões fazendo arrancada na Rodovia dos Bandeirantes, em maio passado (Pedro Afonso/Divulgação)

 

Gráfico visual da quarentena na capital de São Paulo. Atualmente índice de isolamento é de 43%
Quarentena à paulistana (Fonte: Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo do Estado/ Arte: Marcelo Cutti/Veja SP)

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DATAS QUE A CIDADE NÃO VAI ESQUECER

26/2/20 – O vírus desembarca

Um homem que tinha viajado para a Itália e estava internado no Hospital Albert Einstein testa positivo para o coronavírus

5/3/20 – Transmissão local

São Paulo confirma os primeiros dois casos de pacientes que se infectaram no país, sem terem viajado ao exterior

12/3/20 – O primeiro luto

Uma mulher de 57 anos morre em um hospital da Zona Leste (antes, portanto, do caso do Sancta Maggiore, em 16/3)

16/3/20 – Escolas fechadas

Os colégios municipais e estaduais da capital suspendem as aulas presenciais, afetando 4,5 milhões de alunos

23/3/20 – Quarentena

Passa a valer o primeiro decreto de restrição de circulação no estado, que vem sendo atualizado de lá para cá

6/4/20 – Hospitais de campanha

A primeira estrutura emergencial para tratar doentes da Covid-19 é inaugurada no Estádio do Pacaembu, com 200 leitos

20/5/20 – O megaferiado

O estado antecipa as folgas de Corpus Christi, Consciência Negra e Revolução de 1932 para aumentar o isolamento social

6/7/20 – Alívio passageiro

Após 104 dias, a cidade reabre bares, restaurantes e salões de beleza com restrições de ocupação e horários

9/10/20 – Fase verde

São Paulo entra na fase mais leve da quarentena e reabre com restrições parques, eventos, cinemas e teatros

17/1/21 – Chega a vacina

A enfermeira Mônica Calazans, 54, se torna a primeira pessoa a receber a CoronaVac após a liberação do imunizante

3/3/21 – Volta ao início

Após recorde de internações, o governo restringe novamente o funcionamento de comércios e serviços no estado

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Publicado em VEJA São Paulo de 24 de março de 2021, edição nº 2730

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