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Morre a atriz Tônia Carrero

Uma das estrelas do teatro brasileiro, ela sofreu uma parada cardíaca após uma cirurgia, aos 95 anos de idade

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 4 mar 2018, 09h57 - Publicado em 20 dez 2016, 16h57

Uma das maiores estrelas do teatro brasileiro, a atriz Tônia Carrero morreu no sábado (3), aos 95 anos, no Rio de Janeiro, após sofrer uma parada cardíaca decorrente de complicações de uma cirurgia. Segundo seu desejo, uma cerimônia de cremação deve ser realizada na segunda. Tônia sofria de hiodrocefalia e havia abandonado os palcos em 2013.

Umas das mulheres mais lindas que o Brasil já conheceu, Maria Antonieta Portocarrero Thedim nasceu no Rio de Janeiro em 23 de agosto de 1922 para se transformar em uma de nossas maiores atrizes.  Marinha, como sempre foi chamada na intimidade, formou-se em educação física e se iniciou nas artes em um curso rápido com o ator francês Jean Louis Barrault em Paris. A estreia profissional, depois de algumas pontas no cinema, se deu em 1949 com o espetáculo Um Deus Dormiu Lá em Casa, na companhia teatral comandada por Fernando de Barros, ao lado do também iniciante Paulo Autran (1922-2007).

Em São Paulo, a atriz foi contratada pela Cia. Cinematográfica Vera Cruz e ingressou no elenco do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), que dava os primeiros passos por aqui inspirados no modelo de encenações europeias. Em quatro anos, Tônia protagonizou grandes clássicos, mas enfrentou resistência dos diretores que sempre colocaram sua indiscutível beleza à frente do potencial dramático. A insatisfação a levou a dar um grande passo: criação da própria companhia, em sociedade com o diretor Adolfo Celi, seu marido na época, e o ator Paulo Autran. Em nove anos de atividade, a Companhia Tônia-Celi-Autran. transitou entre os grandes clássicos de Shakespeare, como Otelo, e os recentes textos existencialistas de Jean-Paul Sartre, como Entre Quatro Paredes (Huis Clos).

Na metade da década de 60, Tônia já tinha grande popularidade, seu nome era associado a espetáculos de sucesso e qualidade, mas muitos ainda insistiam que sua beleza limitava o desempenho no palco. Com ousadia, ela encarna a prostituta decadente Neusa Sueli do drama realista Navalha na Carne, de Plínio Marcos, em uma consagrada montagem dirigida por Fauzi Arap em 1968. Era o reconhecimento que faltava. Tônia levou para casa os principais prêmios e ainda enfrentou os militares em diversas reuniões em Brasília para impedir a proibição do espetáculo.

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No início da década de 70, a atriz aumentou a fama com personagens de sucessos nas novelas Pigmaleão 70, O Cafona, O Primeiro Amor e Uma Rosa com Amor. O sucesso no teatro se manteve em Casa de Bonecas e Constantina, ambas sob a direção de seu filho, o também ator Cecil Thiré. Comandada por Flávio Rangel, ela protagoniza Doce Pássaro da Juventude e, a seguir, colhe unânimes elogios ao lado do ator Raul Cortez em Quem Tem Medo de Virginia Woolf?, sob a direção de Antunes Filho.

Os anos 80 começam com aquele que foi seu maior sucesso na televisão: a excêntrica milionária Stela Simpson, da novela Água Viva. Presença constante no vídeo, ela ainda faria sucesso nos folhetins O Amor É Nosso (1981), Louco Amor (1983) e Sassaricando (1987/1988). No teatro, ela estabelece parceria com diretores das novas gerações como Gerald Thomas no premiado Quartett (1986) e Marcio Aurelio em Esta Valsa é Minha (1989).  Tônia seguiria a mesma premissa nos anos seguintes. Um Equilíbrio Delicado, de Edward Albee, dirigido Eduardo Wotzik, em 1999, e O Jardim das Cerejeiras, em uma encenação de Elcio Nogueira estreada em 2000, foram os derradeiros grandes trabalhos no teatro. Em uma participação especial nos primeiros capítulos, a atriz viveu uma cafetina na novela Senhora do Destino (2004) e, no cinema, teria papel de destaque em Chega de Saudade (2008), longa-metragem dirigido por Laís Bodanzky.

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