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Tiros em Paraisópolis: cinegrafista relata pressão de equipe de Tarcísio

Profissional da Jovem Pan afirmou que integrante da equipe do candidato mandou ele apagar registros de pessoas à paisana atirando

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
27 out 2022, 13h42
Tarcísio de Freitas
 (Campanha/Divulgação)
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O repórter-cinematográfico Marcos Andrade, 49, diz que está “assustado” após revelar que um integrante da equipe de Tarcísio de Freitas (Republicanos) lhe pediu para apagar imagens que fez do tiroteio ocorrido em Paraisópolis no último dia 17, que interrompeu uma agenda que o candidato ao governo de São Paulo fazia no local. Na ocasião, um homem chamado de 27 anos chamado Felipe Lima foi morto por um policial.

Na última terça-feira (25), o jornal Folha de S.Paulo revelou áudio do momento em que um segurança de Tarcísio diz a ele: “Você tem que apagar”, referindo-se a filmagens feitas por ele. As gravações, entretanto, já haviam sido enviadas à emissora, que disse em nota que todas as imagens foram exibidas. 

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Em entrevista ao jornal na última quarta (26), Marcos contou que a equipe do candidato chegou a pedir sua demissão à Jovem Pan, mas que isso não ocorreu até o momento, e que a emissora sugeriu que ele gravasse um vídeo para Tarcísio – o que ele não fez.

Marcos disse que estava cobrindo a agenda de Tarcísio, a inauguração da Casa Belezinha em Paraisópolis, quando começou a escutar disparos de arma de fogo. Ele foi até a janela do prédio e viu motos passando. Dez minutos depois, relata, as motos deram a volta no quarteirão, foram para a rua de cima, e um novo tiroteio começa.

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“Aí eu pego a câmera e vou para janela. Inclusive, todo mundo falava ‘se abaixa’, e houve um pânico generalizado. E eu fui para a janela. Só que aí eu vejo umas pessoas à paisana na parte de baixo, na porta da escola, disparando arma de fogo no sentido da rua de cima. Eu vejo o Tarcísio com o pessoal saindo do prédio e indo para o estacionamento. Eu fiz essas imagens, tanto essas como das pessoas embaixo atirando”, contou. 

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O repórter-cinematográfico então desceu e, ao chegar na calçada, vê que havia uma pessoa caída e uma moto no chão em uma esquina próxima. “Eu me abrigo até uma coluna. Quando eu chego para gravar esse corpo e a moto que está no chão, chega uma pessoa falando para eu não gravar. Na hora que eu vou para a parte de cima, onde o corpo e a moto está caída, eu vejo o rapaz que eu tinha conversado a respeito de pedir reforço. Eu vejo ele armado e com distintivo da Abin [Agência Brasileira de Inteligência]. E outro rapaz que tenta me impedir também está com distintivo, mas eu não consigo ver bem o que era o distintivo dele”, acrescenta.

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Ele disse que então viu uma colega de trabalho saindo do local com uma assessora de Tarcísio indo até a van da equipe, ele é chamado e vai para o veículo. A van só parou na base da campanha. Lá, uma pessoa o aborda pedindo para que ele subisse. “Eu achei esquisito. Ficou uma dúvida, e na dúvida grava. Eu não estou com a câmera na mão. Peguei meu celular e fui gravando áudio com celular na mão. O cara se apresenta. Aí tem a gravação. Eu achei muito estranho, eu não faria em momento algum por questão da profissão mesmo. Eu não apaguei isso”, falou. Neste momento, as imagens já haviam sido enviadas à emissora. O profissional destacou que Tarcísio não participou da conversa.

Na opinião de Marcos, o motivo da ordem é “que alguém que estava lá que não devia estar”. Ele ainda disse que estranhou a quantidade de seguranças na equipe do candidato naquele dia. “Tem muita polícia. Só que você não consegue distinguir quem é quem. Quando você olha para o lado e fala assim: tem um federal aqui, um cara da Abin, um militar. Isso é normal? Eu já fiz várias campanhas. [Candidato ao governo do] estado, praxe, [é ter] policial militar. Você está acompanhando um candidato à Presidência da República, você vê policiais federais. Agora, um candidato ao governo com esse estafe eu nunca vi. Foge da normalidade”, comentou.

De acordo com o portal g1, em depoimento à Polícia Civil, um policial militar que estava no tiroteio em Paraisópolis afirmou que recolheu objetos da cena de crime para que “não fossem perdidos ou subtraídos por populares”. O corpo de Felipe estava junto a uma moto, um coldre, celular, relógio, um carregador de pistola, cartuchos e estojos. A Polícia Civil afirmou que não viu adulteração da cena pois “o objetivo do PM foi proteger prova e não destruir ou esconder”.

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A Polícia Civil ainda afirmou que tiro que matou o homem foi disparado por um soldado do serviço reservado da PM, que reforçava o policiamento na região por conta da agenda do candidato. O agente que recolheu os objetos não é o mesmo que atirou em Felipe.

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