Tempo de espera por exame na capital não caiu, diz Tribunal de Contas
Corujão da Saúde reduziu fila, mas procedimento demorava quase 100 dias após fim do programa

Uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Município (TCM), finalizada no mês passado, aponta que o tempo médio na fila para fazer exames médicos de imagem na cidade de São Paulo não diminuiu após o programa Corujão da Saúde. A promessa, feita desde a campanha de João Doria, em 2016, e que consta no plano de metas 2017-2020 da prefeitura, era que exames prioritários seriam feitos em 30 dias e os demais, em até 60 dias.
Os auditores avaliaram que em outubro de 2016, antes da realização do Corujão, o tempo médio de espera para os seis exames de imagem alvo do mutirão (densitometria, ecocardiografia, mamografia, ressonância, tomografia e ultrassonografia) era de 99,9 dias.
Em maio de 2017, após o anúncio do fim do Corujão, esse tempo era de 99,7 dias. Com o programa, a prefeitura afirma ainda ter zerado a fila de 485 000 exames na rede municipal – isso não é contestada no relatório do TCM.
Por meio de nota, a gestão municipal contesta os apontamentos do órgão e reafirma que os exames têm sido feitos entre 30 e 60 dias. “Em um ou outro caso pontual, pode ocorrer um prazo um pouco maior, o que gera um aumento do tempo médio”, diz. A Secretaria Municipal da Saúde afirma também que não foi notificada a respeito.
Ainda segundo a prefeitura, a promessa era de que, depois de zerada a fila, o paciente esperaria para ser agendado – e não atendido – até 30 dias para casos mais simples e 60 dias para os mais complexos.
A auditoria, assinada pelo conselheiro Maurício Faria, foi feita com base no acompanhamento do sistema informatizado de exames, o Siga-Saúde. O voto do relator aponta falhas no sistema, como ausência de documentos que permitiriam melhor acompanhamento das filas, mas conclui que “o que se extrai dos levantamentos sintetizados no quadro reproduzido é que a fila para exames até diminuiu com o programa (Corujão). Mas, já no mês seguinte à previsão de encerramento, voltou a aumentar”.

Segundo ele, faltaram “medidas estruturantes efetivas” para a manutenção da realização de exames em prazo menor. Os técnicos do TCM também apontam falhas de controle na consulta de retorno, após a realização do exame.
Faria dá seis meses para a Prefeitura melhorar o sistema de acompanhamento de exames, com o cálculo do tempo de espera contando da entrada no sistema até a realização do exame, e não até a marcação da consulta.
A prefeitura informa ainda que “a demanda atual é de 45 262 procedimentos e a pasta tem 171 924 vagas livres”.
Com Estadão Conteúdo.