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Metrô antecipa em quatro anos pesquisa sobre mobilidade urbana

Sondagem chamada de Origem Destino começa no dia 1º de agosto e irá mensurar impacto da pandemia no vaivém das pessoas

Por Clayton Freitas
20 jul 2023, 23h00

O Metrô decidiu antecipar em quatro anos a principal pesquisa de mobilidade realiza da no país, a Origem Destino, que analisa como as pessoas estão se locomovendo nos 39 municípios que compõem a região metropolitana de São Paulo. Feita desde o ano de 1967 com intervalos de dez em dez anos (com pequenas sondagens intermediárias de cinco em cinco anos), originalmente ela seria feita em 2027, porém começará no próximo dia 1º de agosto. “Com a pandemia, tomamos a decisão de antecipar a pesquisa completa. Sabemos que mudou (deslocamento das pessoas) e há uma demanda mais baixa no transporte coletivo. Mas onde mudou, o que mudou e por quê?”, afirma Luiz Antonio Cortez Ferreira, arquiteto e urbanista que ocupa o cargo de gerente de planejamento do Metrô.

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No início de maio deste ano, a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretou o fim da pandemia de Covid, que perdurava desde janeiro de 2020. Uma das principais medidas de prevenção foi a restrição de circulação das pessoas, que afetou em cheio os transportes públicos. O principal ponto já detectado por especialistas em mobilidade de todo o mundo é que, mesmo após o fim das restrições, a queda acentuada na quantidade de usuários dos transportes públicos perdura. Estação mais movimentada do Metrô, a Sé, no Centro, “perdeu” uma média de 154 000 passageiros por dia no comparativo de janeiro a junho de 2019 com o mesmo período deste ano (de 519 000 para 365 000), o equivalente a uma retração de 29,6%. Juntas, as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha, 4-Amarela, 5-Lilás e 15-Prata deixaram de ser usadas por 1 milhão de passageiros (de 5 006 200 para 4 004 340 por dia), numa queda de 20%. O mesmo fenômeno foi observado nos ônibus, já que a média de passageiros diária caiu de 3,7 milhões para 2,7 milhões (27% a menos). “Temos de fato uma nova configuração e é preciso entender as ações para um planejamento mais adequado”, diz Sérgio Avelleda, coordenador do núcleo de Mobilidade Urbana do Laboratório Arq.Futuro de Cidades do Insper.

Outro dado intrigante é que as taxas de lentidão médias em dias úteis no trânsito da capital neste ano são 33% inferiores se comparadas ao período pré-pandêmico. Boletins da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) indicam cerca de 6,6 milhões de veículos circulando todos os dias. Falando em tese, Cortez diz que uma explicação possível é o incremento do uso de outros modais. “Essa fuga pode estar relacionada a um crescimento do uso de motos e também de bicicletas. Ao menos é isso que se observa nas ruas”, afirma o executivo. Outra tendência que a pesquisa pode vir a mostrar é o maior uso de transporte individual em detrimento do coletivo. Se isso se efetivar, será um cavalo de pau no que foi observado nos últimos dezesseis anos, uma vez que as edições de 2007 e 2017 da pesquisa Origem Destino indicaram predominância do uso dos transportes públicos.

Abordagem: entrevistas em estradas, terminais e aeroportos
Abordagem: entrevistas em estradas, terminais e aeroportos (Metrô de São Paulo/Divulgação/Reprodução)

A pesquisa também responderá a real extensão do teletrabalho e ensino a distância. Para isso, cerca de 400 pesquisadores visitarão moradores de 32 000 residências durante sete meses. Esses locais foram sorteados em meio a 1 milhão de imóveis já mapeados. Diferentemente de outras sondagens, a pesquisa Origem Destino entrevista todos os moradores da residência para entender quais foram as mudanças de seus hábitos de deslocamento. Em outro estágio, a sondagem irá mensurar as chamadas viagens externas dos moradores da Grande São Paulo. Para isso, passageiros que utilizam terminais rodoviários, os aeroportos de Congonhas e Cumbica e rodovias e também os usuários de ônibus fretados serão ouvidos. Os primeiros resultados serão divulgados a partir de outubro de 2024.

Publicado em VEJA São Paulo de 26 de julho de 2023, edição nº 2851

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