Furto de bicicletas aumenta 13% na capital e bate recorde histórico
Ao menos dez ciclistas por dia foram vítimas de criminosos durante o ano de 2022
No fim de 2022, Jeremias Arthur José Fernandes, 18, estava no trabalho quando recebeu uma ligação do irmão dizendo que a sua bicicleta, modelo BMX, avaliada em cerca de 4 000 reais, não estava no quintal da casa onde moram, no Jardim São Bernardo, na Zona Sul de São Paulo. “Trabalhei um ano com meu pai na feira para montá-la e usei muito pouco”, diz. Jeremias é um dos 3 186 moradores da capital que foram vítimas de furto de bicicletas em 2022, num aumento de 13% em relação ao ano anterior. Os dados foram obtidos pela Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas) via Lei de Acesso à Informação junto à Secretaria de Segurança Pública. Eles indicam que a quantidade de roubos caiu 5% em relação a 2021 (passou de 637 para 609). Juntos, os roubos e furtos de bicicletas somam 3 795 casos, numa alta de 10% em relação a 2021 e recorde da série histórica.
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Decepção: Jeremias demorou um ano e três meses para montar a bicicleta que foi furtada de sua casa
A região onde Jeremias mora, a Zona Sul, concentra 30% de todos os roubos. E cinco dos mais de noventa distritos policiais da capital — Jardins (78º); Pinheiros (14º); Vila Clementino (16º); Monções (96º) e Itaim Bibi (15º) — concentram juntos 21% de todos os registros. Para Daniel Guth, diretor-executivo da Aliança Bike, a alta de crimes nesses DPs pode ter ligação com o aumento do uso das ciclovias do Rio Pinheiros, da Paulista e da Faria Lima. “Se você tem mais gente circulando de bicicleta, terá, de uma certa forma, mais ciclistas parando nos lugares para consumir alguma coisa, e muitas vezes os furtos ocorrem nessas situações. É o crime de ocasião.”
A Secretaria de Segurança Pública informou que trabalha para interromper o ciclo de crimes contra ciclistas realizando a análise das ocorrências para a melhor distribuição do patrulhamento e para que seja feita a intensificação das investigações dos casos.
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Publicado em VEJA São Paulo de 29 de março de 2023, edição nº 2834