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‘Por muito tempo nós tentamos ajudar o Rubinho’, diz Fernando Meirelles

Diretor de <em>Cidade de Deus</em> afirma que o ator Rubens Sabino, hoje morador da Cracolândia, "não consegue se adaptar a situações formais"

Por Nataly Costa
Atualizado em 1 jun 2017, 16h54 - Publicado em 2 Maio 2015, 12h14
Rubens Sabino
Rubens Sabino (Nehn/Brazil Photo Press/Folhapress/)
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Fernando Meirelles, diretor do filme Cidade de Deus, estava na China quando recebeu a notícia sobre a situação do ator Rubens Sabino, de 33 anos. O rapaz, que interpretou o papel do traficante Neguinho no longa-metragem de 2002, vive na Cracolândia. “Ele é uma pessoa extremamente inteligente e com muito talento”, disse Meirelles. “Mas, infelizmente, não tem conseguido lidar com a dependência química”, acrescentou.

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O cineasta afirma que a produtora O2 Filmes, da qual é sócio, tentou ajudar Rubinho com “trabalho, casa, emprego e escola”. Mas justifica que o ator não sabe se adaptar às situações formais por ter sido criado na rua. Leia a entrevista completa concedida a VEJA SÃO PAULO:

Em Cidade de Deus, alguns atores viviam em situação de vulnerabilidade, como é o caso do Rubens Sabino Silva, que foi morar nas ruas do Rio e atualmente está em São Paulo.  Você costuma acompanhar a vida dos atores depois do filme?

Sim, alguns deles são mais próximos, como o Douglas Silva, que no momento está gravando na produtora O2. Mas o meu maior contato com a turma é através da ONG Cinema Nosso, que foi criada pelos ex-atores do filme e até hoje é administrada por alguns deles.  

A produtora comprou um predinho na Lapa, no Rio de Janeiro, para a ONG se instalar e, ocasionalmente, damos algum apoio emergencial, mas hoje eles se viram por conta própria.  

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Rubens Sabino
Rubens Sabino ()

Como foi a experiência dele na O2?

Por muito tempo nós tentamos ajudá-lo com trabalho, casa, emprego e escola, mas não funcionava. Quando não dava mais para ele trabalhar na O2 arrumamos outro trabalho, que também não deu certo. Por ter sido criado na rua, sozinho, Rubinho não consegue se adaptar a situações formais.

Chegamos a mandá-lo para uma clínica de reabilitação em Belém do Pará acreditando que por estar muito longe da sua turma da pesada e dos traficantes amigos ele conseguiria se recuperar. Deu certo por uns três meses apenas.

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Depois disso, ele começou a descumprir as regras da clínica sistematicamente até ser convidado a sair. Mandei o dinheiro da passagem, que ele gastou por lá e voltou pegando carona. Foi aí que perdemos o contato e a motivação para ajudá-lo. Se é complicado tirar um filho de uma situação desta, imagine alguém que não é tão próximo. 

Outros atores já te pediram ajuda depois do filme?

Ninguém pediu ajuda diretamente. Nós quebramos alguns galhos por um tempo. O filme Cidade de Deus – 10 anos depois, da Cavi Borges e Luciano Ramos, ainda não lançado no Brasil, conta a historia de muitos desses atores. Algumas com final feliz e outras nem tanto.

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