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Roubos de carga na capital: 58% do estado de São Paulo

Cidade teve 3 701 ocorrências segundo sindicato das transportadoras

Por Maria Paola de Salvo e Sara Duarte
Atualizado em 5 dez 2016, 19h31 - Publicado em 18 set 2009, 20h28

Quando se pensa em assaltos a caminhões, uma das primeiras imagens que vêm à cabeça é uma quadrilha à espreita numa estrada escura. Mas a realidade é bem diferente. Segundo uma pesquisa do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (Setcesp), 58% dos crimes desse tipo ocorrem dentro da cidade de São Paulo. Dos 6 344 casos registrados no ano passado em todo o estado, 3 701 tiveram como cenário a capital. Essas ações acarretaram prejuízos de 93 milhões de reais, volume 10% superior ao de 2007. “A concentração de veículos de entrega é maior na cidade do que nas rodovias, e por isso há mais oportunidades de abordagem”, afirma Ubiracyr Pires da Silva, delegado do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic). No topo do ranking dos bairros mais visados (veja o quadro abaixo) aparece a Vila Maria, na Zona Norte, com 198 ocorrências de janeiro a dezembro de 2008. Próxima da Marginal Tietê e das saídas para as rodovias Fernão Dias, Ayrton Senna e Presidente Dutra, a área concentra um grande número de transportadoras. Por isso, é um prato cheio para os ladrões.

Estima-se que 230 000 caminhões rodem diariamente pela cidade, carregando 378 000 toneladas de produtos. Cerca de 70 000 desses veículos fazem entregas em supermercados, lojas e pequenos comércios de bairro. Como para esse tipo de serviço é preciso utilizar uma frota de pequeno porte, o valor médio das cargas roubadas é baixo – cerca de 10 000 reais, um terço do valor médio levado dos carregamentos que circulam pelas rodovias. A maior parte dos ataques ocorre em dias de semana, das 8 às 14 horas, quando os baús estão abarrotados. Motoristas são rendidos ao parar em semáforos ou ao desligar os dispositivos de segurança para desembarcar mercadorias. “Muitas vezes, nem é levado o lote todo”, conta o delegado Silva, do Deic. “São apenas saques.”

Para tentar coibir a ação dos criminosos, as transportadoras recorrem a empresas especializadas em gerenciamento de riscos. A GV, uma das maiores do mercado, costuma indicar escolta, sistemas de monitoramento dos caminhões via satélite e a utilização de compartimentos com grades internas, que só liberam uma parte da mercadoria por vez. Apenas no mês de janeiro, a distribuidora Martins, com sede em Uberlândia (MG), teve quatro de seus veículos atacados durante entregas em supermercados paulistanos. “É por isso que nenhum caminhão nosso entra em São Paulo sem estar vigiado”, diz o supervisor de riscos da empresa, Márcio Neiler. Os gastos com segurança na cidade chegam a ser 50% maiores que nas estradas. “Monitorar a posição dos caminhões nas rodovias a cada dez minutos é suficiente”, afirma Robson Granero, diretor da G-Log, do Grupo Granero. “Dentro de São Paulo, esse intervalo cai para cinco minutos.” Afinal, por aqui, qualquer vacilo pode se transformar em prejuízo.

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