Professor esfaqueado diz ser cansativo viver tendo que provar que é humano
Juarez Tadeu de Paula Xavier foi atacado no estacionamento de um supermercado em Bauru, no interior de São Paulo
Agredido no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o professor universitário Juarez Tadeu de Paula Xavier afirma passar parte de sua vida tentando mostrar que é digno de respeito. Negro, ele foi xingado de “macaco” e esfaqueado no estacionamento de um supermercado em Bauru, interior de São Paulo. Os ferimentos foram superficiais e o docente teve alta. “É muito cansativo atravessar sua humanidade tendo que provar que é humano. Consumir parte da vida tendo que provar que é gente, digno de respeito”.
Xavier, de 60 anos, voltava de uma consulta médica quando foi atacado por Vitor Munhoz, de 30 anos, com um canivete. “Ele parou e me chamou de ‘macaco’. Fui tirar satisfação.” Os dois, então, iniciaram luta corporal. “Quando ele tentou me acertar, consegui me esquivar. Até que pessoas ao redor me ajudaram a contê-lo. Só percebi que tinha sido esfaqueado quando começou a sangrar muito.”
Um empresário e o segurança do supermercado intervieram e seguraram o agressor. O empresário Felipe Azevedo disse à polícia que Munhoz continuava chamando a vítima de “macaco”, enquanto o agredia. Ele ajudou a conter o agressor e se tornou testemunha do caso.
O professor foi atingido no ombro esquerdo, no braço e nas costas, onde teve de fazer uma sutura. A alta foi no mesmo dia do ataque e ele relata estar bem e medicado. Xavier afirma ainda desconhecer Munhoz.
Até a tarde desta quinta, a família do agressor não havia contratado um advogado. Um parente, que não quis se identificar, disse à reportagem que ele sofre de transtornos mentais e está em tratamento contra esquizofrenia.
Como a família alegou tratamento psiquiátrico, o delegado fixou fiança de 1 000 reais para que ele pudesse responder em liberdade por injúria e lesão corporal dolosa. A defesa de Xavier quer que ele responda por tentativa de homicídio.