Problemas financeiros ameaçam Santa Casa e Hospital São Paulo

Dívidas põem em risco o serviço de dois importantes hospitais da capital

Por Júlia Gouveia
Atualizado em 1 jun 2017, 17h14 - Publicado em 3 out 2014, 00h00
david uip secretário da saúde
david uip secretário da saúde (Fabio Braga/Folhapress/)
Continua após publicidade

Encontrar serviços de saúde de qualidade na rede pública é algo cada vez mais raro. Diante desse cenário, é com enorme inquietação que os paulistanos receberam na semana passada notícias preocupantes a respeito do estado financeiro de duas instituições que, durante anos, foram conhecidas pela excelência no atendimento. Agora, atoladas em dívidas, estão com o dia a dia comprometido e correm o risco de fechar caso não recebam uma transfusão urgente de recursos. A situação mais alarmante é da Santa Casa de Misericórdia, na Vila Buarque. Fundado em 1884, o local é administrado pela iniciativa privada, mas não tem fins lucrativos. Nos últimos anos, o endereço começou a sofrer com a falta de recursos financeiros. Na tentativa de solucionar a crise, a Secretaria Estadual de Saúde liberou uma verba emergencial de 3 milhões de reais em julho, quando o pronto-socorro do lugar ficou fechado trinta horas por falta de dinheiro.

+ A recuperação do Incor

Em contrapartida a essa ajuda, o governo pediu que fosse realizada uma auditoria para conhecer o tamanho exato do rombo no orçamento. Na época, estimava-se um passivo de 350 milhões de reais. Divulgado na última segunda (29), o estudo mostrou uma situação ainda pior do que se imaginava: a Santa Casa deve na praça 433,5 milhões de reais. “Sabíamos que havia problemas, mas não desse porte”, afirma o secretário de Saúde, David Uip, que planeja formar uma comissão para acompanhar de perto o caso. “A instituição precisará tomar medidas radicais e vamos ajudá-la a renegociar essa dívida.” Nos últimos dias, circularam informações de que o governo injetaria cerca de 130 milhões de reais no hospital. “É leviano falar em números neste momento, pois ainda estamos em fase de discussões”, desconversa Uip.

 

À frente da administração do hospital desde 2008 e reeleito em abril para um período de mais três anos no cargo, o advogado Kalil Rocha Abdalla é apontado por muitos como o responsável por fazer o bolo do passivo crescer de forma descontrolada. “Sua gestão é uma caixa-preta: não existe ali hoje nenhuma atividade que não seja deficitária”, critica Eduardo Carneiro, ex-presidente da AACD e irmão remido da Santa Casa, posição equivalente à de conselheiro. Procurado pela reportagem de VEJA SÃO PAULO, Abdalla não quis dar entrevista. No último dia 15, dois membros de sua equipe pediram demissão: o superintendente Antonio Carlos Forte e o tesoureiro Hercílio Ramos. Isso ocorreu depois da divulgação de uma denúncia na Folha de S.Paulo. Segundo a notícia, os dois receberam um total de 100 000 reais por serviços prestados de consultoria a um dos fornecedores de materiais da Santa Casa.

Continua após a publicidade

+ Por que somos tão maltratados pelos planos de saúde

hospital são paulo unifesp
hospital são paulo unifesp ()

Outro estabelecimento em estado crítico é o Hospital São Paulo, na Vila Clementino, que pertence à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Nesse caso, as dívidas são menores, mas não menos preocupantes: em torno de 50 milhões de reais. Para não fechar o pronto-socorro, que atende mais de 700 pacientes por dia, a reitora da Unifesp, Soraya Smaili, passou o chapéu no Ministério da Saúde e na Secretaria Estadual de Saúde. Levantou quase 15 milhões de reais. “Além de resolver o restante da dívida, precisamos solucionar o déficit atual da operação, de 2 milhões de reais por mês”, afirma Soraya. Ela está fazendo reuniões para tentar renegociar os valores recebidos do SUS, que estariam defasados. “Não queremos ficar vivendo de recursos emergenciais”, completa.

+ DIAGNÓSTICO GRAVE

Os principais problemas vividos  pelas instituições nos últimos meses

Continua após a publicidade

SANTA CASA

tamanho da dívida: 433,5 milhões de reais

medidas emergenciais: intervenção da Secretaria Estadual de Saúde, que realizou auditoria e detectou o rombo no orçamento; entrada de novos superintendente e tesoureiro

HOSPITAL SÃO PAULO

tamanho da dívida: 50 milhões de reais

medidas emergenciais: dirigentes foram ao Ministério da Saúde e à Secretaria Estadual de Saúde pedir dinheiro para evitar o fechamento do pronto-socorro, que atende mais de 412 000 pacientes por ano, contando o pronto-atendimento

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de 35,60/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.