Um casarão de 900 metros quadrados, construído sobre um terreno três vezes maior, vazio há mais de quinze anos e localizado na Rui Piauí, em Higienópolis, vai a leilão em 18 de setembro. O lance mínimo é de 14,8 milhões de reais.
O prédio, em estilo art nouveau e tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Conpresp) em 2012, tem mais de 100 anos e pertenceu à família do presidente e governador do estado Rodrigues Alves. De propriedade do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), abrigou a sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) durante a ditadura e, posteriormente, serviu como carceragem da Polícia Federal (PF).
Pelo local, sob custódia da PF, passaram presos célebres, como o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, conhecido como Lalau, e o mafioso italiano Tommaso Buscetta.
Nos anos 90, o INSS vendeu o imóvel para a falida construtora Encol, que devolveu a propriedade. Ao longo dos anos, cogitou-se em transformar o local em um batalhão da Polícia Militar ou em um centro de referência em arquitetura, mas o imóvel permanece vazio desde 2003.
Segundo laudo realizado pela empresa BBC engenharia, em junho deste ano, o imóvel, composto por dois pavimentos e um porão, necessita de reparos “simples a importantes”. Não há danos estruturais.
Pelas regras do tombamento, as características arquitetônicas externas devem ser mantidas intactas.
Veja abaixo o que a resolução de tombamento prevê:
“Preservação integral da volumetria e características arquitetônicas externas da edificação principal e preservação integral do hall de entrada (térreo), da sala com lambris de madeira (antiga sala de jantar), das portas com vitrais (térreo), do grande vitral e serralheria da escada; preservação integral dos pilares dos portões de entrada e do gradil de ferro trabalhado das fachadas das ruas Piauí e Itacolomi”.
A situação do palacete de Higienópolis lembra em partes a do edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou em maio deste ano após um incêndio. Também pertencente ao INSS e cedido à Polícia Federal, a edificação que irá a leilão, no entanto, não foi alvo de invasões e ocupações irregulares. Assim poderá ter um destino diferente do ocorrido na tragédia deste ano.