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“Ou fazemos a tarifa zero ou Boulos ganha a eleição”, diz Milton Leite

Presidente da Câmara Municipal pela terceira vez consecutiva, vereador afirma que não vai mais disputar eleição e fala de apoio a reeleição de Nunes em 2024

Por Hyndara Freitas
Atualizado em 28 Maio 2024, 09h12 - Publicado em 13 jan 2023, 06h00
Vereador Milton Leite, presidente da Câmara Municipal de São Paulo.
Vereador Milton Leite, presidente da Câmara Municipal de São Paulo. (Leo Martins/Veja SP)
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Vereador desde 1997, Milton Leite (União Brasil) segue para o terceiro mandato consecutivo como presidente da Câmara Municipal — o quinto na carreira — e promete: será o último, e não disputará mais eleições. Com forte influência política na capital, o parlamentar trabalha para garantir a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em 2024 e avalia que o “passe livre” em debate no transporte público é essencial para a vitória.

De seu escritório na Zona Sul, reduto político da família, Leite conversou com a Vejinha e defendeu que o Jockey vire parque, criticou a atuação do Tribunal de Contas — que estaria “atrapalhando” investimentos na cidade — e falou sobre as negociações de cargos entre o União Brasil e Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O senhor entra no terceiro mandato seguido como presidente da Câmara Municipal. Quais as expectativas e como avalia o tempo na presidência?
Uma das conquistas foi melhorar o diálogo com a sociedade. As formas de comunicação da Câmara avançaram. Estou no quinto mandato como presidente, o que obviamente dignifica qualquer cidadão. É um sonho para qualquer político. Consigo ser o presidente da extrema esquerda, centro e extrema direita. Isso mostra diálogo. Ninguém se reelege se não for por vontade da Câmara. Houve uma economia grande de recursos, ampliamos as audiências públicas. No primeiro ano como presidente (2017), criei a CPI dos grandes devedores e arrecadamos 6,8 bilhões de reais. A prefeitura estava em situação difícil e salvamos o caixa. Teve ainda a negociação do Campo de Marte, na qual tivemos participação ativa.

Um projeto de sua autoria quer transformar o Jockey Club em um parque. O Jockey reclama. O que o levou a encampar o projeto?
O Jockey Club deve muito dinheiro à cidade (313 milhões em IPTU). Se for declarado como parque, vamos recuperar o dinheiro. Não é um projeto contra o Jockey Club. Quero o dinheiro para a cidade, não para mim. Se eles não têm outro ativo, que seja o próprio Jockey. Eles querem um acordo. Tudo bem, seria mais rápido, evita a judicialização. Faremos um acordo com o Ministério Público e a Procuradoria do Município, é só votar o projeto. Mas não abro mão do parque. Eles pretendem fazer um megaprojeto imobiliário e não vamos permitir. Vai virar parque.

Mas isso não geraria um custo alto em indenização, já que o valor do terreno é maior do que a dívida?
Não. O preço do metro quadrado é avaliado pela situação. Uma vez declarado parque, o preço da área muda. Já não vale mais (o mesmo) só com a notícia (da votação do projeto). O plano é votar a proposta o quanto antes. Se construirmos um acordo com o Jockey, vamos fazer reuniões com eles e a Procuradoria já na semana que vem.

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Nunes estuda a tarifa zero no transporte público. Apoia a ideia?
Defendo a ideia fortemente. Estamos acompanhando os estudos, acho altamente viável. Sempre tem um burocrata criando uma dificuldade ou outra, mas acho que a mudança virá. Ou vem a tarifa zero, ou, no futuro embate político, o (Guilherme) Boulos vai dizer que vai fazer isso e ganhar a eleição.

Não há experiências de tarifa zero em uma cidade tão grande como São Paulo. Tem o desafio da conexão com o Metrô e a CPTM. Acredita que seria possível aplicar a ideia na prática?
É uma decisão política. Não posso responder pelo Ricardo Nunes, mas eu colocaria a tarifa zero (nos ônibus) independentemente do metrô. Sou a favor da tarifa zero de qualquer forma. Talvez com alguma tarifa verde, ou pegar o vale-transporte como suplemento. Mas aplicaria já em novembro. Tenho defendido isso junto ao prefeito. Obviamente depende de dados técnicos, mas aquilo que nós dispomos já é o suficiente para dizer: dá para fazer. Eu faria, no lugar dele.

A Prefeitura tem atualmente34 bilhões em caixa. O recurso não está sendo executado, enquanto a cidade tem problemas de habitação, zeladoria e outros. O prefeito está gastando menos do que deveria?
Tem um problema. O Tribunal de Contas, um órgão de controle, a meu ver, tem passado do ponto nos prazos de liberação dos projetos. O tribunal pode e deve fiscalizar, o que não pode é atrapalhar. Em alguns momentos, ele passou do ponto. É preciso que reformulem a maneira de fiscalizar. Devemos dar celeridade aos processos. Uma hora, a Câmara vai disciplinar a fiscalização, porque começa a atrapalhar a sociedade, impede os investimentos. Não podemos parar a cidade por conta da fiscalização.

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É isso que impede que o prefeito invista na cidade?
Tem contribuído para retardar. Temos feito sugestões junto ao tribunal para melhorar essa questão. É inadmissível que todo processo licitatório, no dia em que será aberto, seja suspenso pelo órgão. Você dobra, triplica os prazos… Não pode ser assim.

O União Brasil apoiou Tarcísio de Freitas no segundo turno, mas o governador não deu muito espaço ao partido no primeiro escalão. Como o senhor avalia o assunto?
Isso está em curso, não posso responder ainda. Não está definido.

Então o partido mantém esse diálogo com a gestão Tarcísio?
Diariamente. Tivemos uma reunião na manhã de hoje (9/1), estamos avaliando o que fazer. Tarcísio não está fugindo dos compromissos com o União Brasil. Até agora, não. Se um dia ele não cumprir os acordos políticos, a gente vê o que vai fazer.

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O senhor aventou se candidatar ao Senado. Por que desistiu? Teria ido a contragosto, mas o partido disse que eu tinha uma missão a cumprir. Por sorte, não foi preciso. Já nem queria mais ser candidato. Por isso quero me retirar. Para ficar bem à vontade, bem livre.

Publicado em VEJA São Paulo de 18 de janeiro de 2023, edição nº 2824

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