“Vandalismo no Araçá”. Foi com esta mensagem que o artista Celso Sim acordou por volta das 8h deste domingo (3). Sua obra, feita em parceria com a arquiteta Anna Ferrari, havia sido depredada. Chamado de Penetrável Genet, o projeto faz parte da X Bienal de Arquitetura de São Paulo e seria inaugurado hoje, no Cemitério do Araçá.
Foram tombados dois monólitos de mármore, cada um com 700 kg, que formavam uma espécie de labirinto dentro do Edifício Ossário Geral. Embora não fizessem parte da instalação, três sacos que continham ossos de gente enterrada no próprio Araçá foram abertos e o conteúdo espalhado pelo cemitério. “Não se trata de um crime comum, já que computadores e projetores foram deixados intactos”, pondera Sim. “Profanaram a obra e a memória dos mortos”, lamenta.
Esse mesmo espaço guardava restos de 1046 pessoas, muitas delas possivelmente mortas durante a ditadura militar, encontradas na vala clandestina de Perus, no Cemitério Don Bosco. “Eu sabia que tocaria em um ponto complicado, mas não imaginei esse tipo de agressão”, diz Sim.
Apesar de desconfigurada, a obra estará aberta para visitação de terça (5) até o dia 1º de dezembro. “Um tipo de violência fascista como essa precisa de uma resposta à altura. Farei isso mantendo a inauguração e expondo a obra violentada”, arremata Sim.