“O Primeiro que Disse” foca o dilema de um jovem gay em se assumir
Dirigido por Ferzan Ozpetek, comédia dramática é divertida sem apelar para caricaturas
Turco radicado na Itália, o diretor Ferzan Ozpetek aborda quase sempre temas que envolvem a homossexualidade. Foi assim desde a estreia em longa-metragem, com “Hamam” (1997). O Primeiro que Disse, seu trabalho mais recente, é uma comédia dramática indicada a todos os públicos. Divertida sem apelar para caricaturas e afetuosa na medida certa, a fita evidencia um cineasta cada vez melhor no comando dos atores, competente como roteirista e quase um craque ao registrar peculiaridades do povo italiano.
Ambientada na graciosa cidade de Lecce, a trama enfoca os dilemas de Tomasso Cantone (Riccardo Scamarcio, de “Meu Irmão É Filho Único”). De passagem pela terra dos pais, esse jovem que mora em Roma com o namorado não quer esconder sua orientação sexual da família. Para sua surpresa, porém, o irmão mais velho (papel de Alessandro Preziosi) se adianta e confessa ser gay. Extremamente contrariado, o pai (Ennio Fantastichini) sofre um infarto depois de expulsar o primogênito de casa e, para tocar sua fábrica de massas, escolhe Tomasso, cujo desejo é se tornar escritor. Ele adia, então, a decisão de sair do armário. O filme se apoia em situações convincentes e autênticas, enquanto o bom humor rola solto quando três amigos do protagonista aparecem de surpresa na propriedade dos Cantone. Tentando conter olhares e trejeitos diante dos estranhos, esse trio contrabalança com momentos espirituosos a seriedade da história.
AVALIAÇÃO ✪✪✪