Continua após publicidade

Novo morar: Janelas CASACOR 2020 discute soluções para a casa pós-pandemia

Adaptado, o evento traz treze ambientes dentro de contêineres espalhados pela cidade e chega a quatro bairros periféricos pela primeira vez

Por Alice Padilha
Atualizado em 27 Maio 2024, 17h11 - Publicado em 6 nov 2020, 06h00
Ambiente proposto por Claudia Alionis: foco na higiene (Alexandre Battibugli/Veja SP)
Continua após publicidade

Num ano em que o período dentro de casa (longo e inédito para a maioria das pessoas) definiu o “novo normal”, surgiu também um “novo morar”. O espaço antes reservado para o descanso e a conexão com os familiares tornou-se também o centro da vida social, acadêmica e corporativa. Essa mudança súbita, que sugere a necessidade ou a vontade de fazer melhorias no ambiente, é tema da mostra Janelas CASACOR 2020. Após passar por outros seis estados do  Brasil, cada qual com seu próprio time de arquitetos e decoradores, a estreia em São Paulo será no domingo (8). Ao contrário do tradicional evento no Jockey Club, em que o público pode visitar os luxuosos ambientes mediante a compra de ingressos, na edição deste ano os projetos estarão expostos gratuitamente em treze contêineres, com cerca de 15 metros quadrados cada um, espalhados por diferentes bairros da capital. Um dos lados da estrutura de metal é substituído por um vidro e gera uma espécie de vitrine, ou janela, como sugere o nome. A ideia é que tudo fique exposto para que quem passa pela rua possa contemplar de fora, sem entrar nos locais. Os mais curiosos poderão acessar alguns tours virtuais complementares no site. “O impacto da pandemia na CASACOR foi equivalente a um meteoro caindo na Terra. Nesses 34 anos de história, nunca deixamos de fazer uma edição”, explica Lívia Pedreira, 65, diretora superintendente da mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo. Segundo ela, o Janelas deve acompanhar o circuito de mostras tradicionais nos próximos anos.

Ester Carro CASACOR
Ester Carro (no centro) com Veronica Vacaro e Felipe Nogueira: galeria de arte em Paraisópolis (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Pela primeira vez desde 2006, o evento saiu da Cidade Jardim e chegou a quatro bairros periféricos da cidade. Os contêineres localizados em Brasilândia, Jardim Colombo, Vila Andrade e Cidade Tiradentes são os únicos que não serão desmontados em dezembro e poderão ser posteriormente usados pela comunidade. No Jardim Colombo, parte do complexo Paraisópolis, a ideia é criar uma galeria de arte da população local, projetada pela arquiteta Ester Carro, 25, ao lado dos colegas Veronica Vacaro, Luciana Pitombo e Felipe Nogueira. Para a inauguração, serão expostas pinturas e fotografias que exploram definições dos moradores para a palavra “casa”. “Somos uma comunidade com diversos problemas de infraestrutura, mas muito vibrante artisticamente”, explica a projetista, que participa do evento pela primeira vez. Futuramente, o espaço será ocupado por outras exposições temporárias. Ester questiona a possibilidade de esse “novo morar” ser uma realidade acessível para a comunidade. “É difícil pedir às pessoas que fiquem em casa e mantenham uma rotina de higiene quando a maioria delas sequer tem água encanada”, relata.

A higiene é o tema central do ambiente da arquiteta e urbanista Claudia Alionis, 42, chamado de Espaço Sagrado e dividido em um hall de entrada e uma área de convívio familiar. “No hall, há um armário para armazenar os sapatos e uma cuba para lavar as mãos. Além disso, proponho uma purificação da alma a partir de uma série de cristais, para que as preocupações externas fiquem fora de casa”, explica. A sustentabilidade, um dos pilares da CASACOR, também é uma das preocupações de Claudia, que incluiu no projeto uma horta urbana e uma composteira míni. Ela utiliza cores quentes e móveis feitos de pedra bruta e madeira de peroba-rosa para criar um ambiente aconchegante sem abrir mão da tecnologia, que considera essencial neste novo momento.

+Assine a Vejinha a partir de 6,90.

Leonardo Mancenido CASACOR
Leonardo Mancenido: inspiração em naves de ficção científica (Divulgação/Divulgação)
Continua após a publicidade

Longe do clima nostálgico de “casa de vó” está o Streaming Room, do arquiteto Leonardo Mancenido, 53. Inspirada em naves espaciais de filmes de ficção científica, a sala é pensada para pessoas que precisam fazer chamadas de vídeo com frequência. Encostadas em paredes opostas ficam duas poltronas confortáveis, separadas por uma mesa central e acompanhadas por duas grandes telas de vídeo. A tecnologia também é centro da cozinha gourmet assinada pela arquiteta Érica Salguero, 40, que inclui uma TV de LCD para entreter os cozinheiros recém-revelados pela quarentena, que devem passar períodos mais longos no forno e fogão.

Érica Salguero
Érica Salguero: cozinha gourmet para os chefs revelados pela quarentena (Alexandre Battibugli/Veja SP)

Além dos profissionais da área, a edição inclui uma artista plástica convidada, Denise Milan, 66. Em seu contêiner é possível observar uma mesa com onze cristais em cima de pratos, o chamado Banquete da Terra. “Os cristais representam suspiros do planeta. Neste momento de grande adversidade, busco compreender como a natureza lida com seus problemas”, explica. Outro trabalho que vale conhecer é o do arquiteto Sig Bergamin, 62, um dos nomes mais tradicionais da CASACOR e conhecido por seus projetos maximalistas. Ele criou um banheiro com divisórias feitas de mosaicos coloridos. O efeito para o observador externo é parecido com o de um caleidoscópio, já que os vidros são compostos de cores primárias e acompanhados por luzes de LED. “É um espaço impossível de ser ignorado por quem está passando. Chama tanta atenção que estou com medo de que o padre da Igreja Nossa Senhora do Brasil, que fica em frente, se incomode”, brinca Bergamin. Para balancear a composição, os equipamentos sanitários (vaso, chuveiro e pia) aparecem em preto. Manequins espalhados pelo local simulam os moradores. “Queria dar uma levantada nesses dias cinzas e monótonos”, conclui.

Sig Bergamin
Sig Bergamin: banheiro luxuoso com divisórias em mosaicos coloridos (Divulgação/Divulgação)
Continua após a publicidade

Janelas CASACOR 2020

Ester Carro > Rua Clementine Brenne, 857, Jardim Colombo. Claudia Alionis > Lar Center Shopping. Leonardo Mancenido > Largo da Batata, Pinheiros. Érica Salguero > Shopping Anália Franco. Denise Milan > Rua Estados Unidos, 1638, Jardim América. Sig Bergamin > Praça Adolpho Bloch, Jardim Paulista. Grátis. Até 8 de dezembro. janelascasacor.com.

+Assine a Vejinha a partir de 5,90.

Publicado em VEJA São Paulo de 11 de novembro de 2020, edição nº 2712.

Continua após a publicidade

LEIA MAIS

+ Repensando o apê: o que já é tendência na casa ‘quarentener’

Continua após a publicidade

+ Hall ganha função importante: ser a área de higienização da casa

+ Como criar o home office mais adequado pra você

+ Como são os tours virtuais por apartamentos decorados

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja SP* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de São Paulo

a partir de 35,60/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.