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Vidros da raia olímpica da USP são quebrados três vezes em uma semana

Muro revitalizado foi inaugurado parcialmente no começo de abril

Por Ana Luiza Cardoso, Thaís Oliveira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 14 fev 2020, 16h04 - Publicado em 27 abr 2018, 06h00

Nem bem teve sua etapa inicial entregue, o muro de vidro da raia olímpica da Universidade de São Paulo (USP) demandou várias trocas. Em um intervalo de sete dias, os painéis que separam a pista aquática da Cidade Universitária, no Butantã, da Marginal Pinheiros amanheceram quebrados não uma, mas três vezes.

A primeira ocorrência foi registrada em 18 de abril, duas semanas após a inauguração. Quarenta e oito horas depois, no dia 20, outra parte da estrutura acabou destruída. Mais três painéis apareceram despedaçados na terça-feira (24). Os oito vidros danificados já foram substituídos por quadros excedentes. Parceria da USP com a prefeitura, a troca do paredão de concreto por uma estrutura envidraçada foi anunciada há dez meses, com o intuito de revitalizar o entorno da Marginal e integrar a universidade à cidade.

De vidro temperado com película de proteção, os painéis exibem 3,15 metros de altura, 1,8 metro de largura e 12 milímetros de espessura. O projeto, concebido pelo escritório de arquitetura Jóia Bergamo e orçado em 20 milhões de reais, é custeado por 45 empresas privadas. Pouco antes de deixar o cargo para concorrer ao governo, o então prefeito João Doria (PSDB) inaugurou a obra parcialmente, com cerca de 500 metros de extensão reformados, o que representa aproximadamente 20% dos 2,2 quilômetros prometidos. O restante da composição tem programação de entrega até maio.

Em um futuro ainda incerto, haverá nova iluminação, paisagismo e pista de corrida. Diante do incidente, a prefeitura anunciou que realizará um convênio com a USP para que a Guarda Civil Metropolitana também patrulhe a área. Hoje, protegem o local a Guarda Universitária, a PM e uma empresa terceirizada. O projeto prevê ainda câmeras, sem previsão de instalação. O sistema viria a calhar para coibir outros casos relacionados a segurança. No dia 4, duas pessoas acabaram detidas após ser flagradas furtando barras de ferro da mesma obra.

A causa da quebra dos vidros ainda é um mistério. Após a primeira ocorrência, um vigilante contou à polícia que avistou um homem circulando pelo local. Questionado, o rapaz disse procurar uma bolsa jogada por ali. Ele foi orientado a sair pela portaria, mas pulou o muro e fugiu. No dia 20, houve relatos de um carro que reduziu a velocidade bruscamente próximo à área dos danos. Uma perícia investiga se problemas de má instalação ou até a trepidação dos caminhões que trafegam na via ao lado podem ter relação com os estilhaços. O resultado sai em trinta dias.

A estrutura logo após a inauguração: obra de 20 milhões de reais (Aloisio Mauricio/Fotoarena/Veja SP)

Especialistas duvidam, entretanto, dessas possibilidades. “Não é provável que a tremedeira causada pelo trânsito tenha sido transferida para a base do muro”, aponta Tatiana Domingues, consultora técnica em aplicação de vidros. “Além disso, não haveria um buraco no meio das estruturas em caso de rompimento espontâneo.”

Desde o começo, a iniciativa divide opiniões. A ideia original era instalar uma grade no lugar da barreira de concreto. Parte dos cerca de 1 000 remadores que visitam o espaço regularmente, no entanto, reclamou de possível piora nos impactos sonoro e ambiental, o que trouxe a escolha do vidro ao projeto. “Outra solução seria colocar um gradil entremeado com vegetação para reduzir o ruído, mas não existe medida que resolva toda a questão”, pontua a geógrafa Stela Goldenstein, ex-diretora da Associação Águas Claras do Rio Pinheiros.

Traz ainda preocupação o fato de que a universidade, em crise financeira, deva arcar com os gastos de manutenção do “presente” da prefeitura. “Se em tão pouco tempo estouraram tantos vidros, precisamos imaginar o custo no futuro para a instituição”, opina o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e arquiteto Francisco Spadoni. O responsável pelo cuidado do espaço após a finalização das obras será definido por meio de um edital, aberto à manifestação de empresas. Se ninguém demonstrar interesse, entretanto, a tarefa ficará a cargo da própria USP.

ROTA DE VANDALISMO

O tipo mais comum de depredação do patrimônio é a pichação. Desde o começo do ano, pelo menos 45 pessoas foram detidas pelo delito. Confira mais pontos atingidos por esse e outros tipos de vandalismo.

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Pátio do Colégio: dois detidos por pichação (Suamy Beydoun/Veja SP)

Praça da Sé. Os dezessete monumentos e esculturas do lugar são constantemente pichados. Só neste ano, a prefeitura regional da área realizou duas operações para reparar os estragos.

Avenida 23 de Maio. O corredor verde de 11 quilômetros tinha casos de furto e destruição até o fim de 2017. De lá para cá, fios, bombas e outras estruturas foram enterradas e protegidas.

Pátio do Colégio. O endereço foi pichado no último dia 10. Mais de 100 voluntários colaboraram com o conserto da fachada, cuja reinauguração oficial será no dia 6. Duas pessoas foram detidas.

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