Moradores e comerciantes do Bom Retiro se unem contra projeto de moradia
Proposta da prefeitura é a de criar espécie de vila com 350 pequenas casas para pessoas em situação de rua
Parte dos moradores e comerciantes do bairro do Bom Retiro, na região central da cidade de São Paulo, se uniram contra a proposta da prefeitura de criar uma vila no bairro destinada a pessoas em situação de rua.
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A ideia da administração municipal é a de erguer 350 casas modulares numa área de 16 mil metros quadrados na altura do número 900 na avenida do Estado e assim tirar 1 600 pessoas das ruas. Segundo a prefeitura, a Vila Reencontro foi inspirada em projetos similares já existentes na Europa e Estados Unidos, que têm como objetivo oferecer acesso imediato à moradia para essa população.
Segundo a empresária Kelli Storari, moradora do bairro, um abaixo-assinado já conta com 400 assinaturas. O documento questiona o motivo pelo qual o local não é ocupado por algo mais “valoroso” e importante para o bairro, na visão dos autores, tais como escola/creche, hospital ou posto de saúde. Na carta, é citado ainda que a presença dos novos vizinhos pode gerar mais insegurança para o bairro, além de “tráfico de droga, baderna e conflitos”, segundo eles.
“Para fiscalizar isso vai ser muito difícil. Já sofremos muito com a segurança pública aqui”, afirma a empresária.
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Ela questiona o fato de o projeto não ter sido debatido com os moradores e nem mesmo com os comerciantes. “Ficamos sabendo através de vocês da imprensa. Faltou diálogo”, diz. Ela afirma contar com apoio de integrantes do conselho de segurança da região (Conseg), e de associações comerciais de lojistas instalados no bairro.
O documento deve ser entregue até a próxima sexta-feira (17), data em que ela diz que devem ser reunidas 1 000 assinaturas.
O projeto
Segundo publicação do último dia 2 no Diário Oficial da Cidade, a empresa vencedora da licitação terá que entregar as primeiras unidades no começo de julho próximo.
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Cada casinha terá 18 metros quadrados e contará com quarto, cozinha e banheiro. A prioridade na escolha dos ocupantes será para famílias e idosos. Ela será transitória, e as pessoas em situação de rua poderão permanecer no local pelo período de um ano a um ano e meio. O objetivo é que neste período a pessoa encontre formas para subsidiar uma moradia.
A vila contará com serviços de assistência social, saúde, capacitação profissional e refeição por intermédio da rede Bom Prato.
O número de moradias, mesmo que todas sejam preenchidas, atende apenas a uma pequena parte das mais de 31 884 pessoas vivendo nas ruas da capital, segundo o Censo oficial da administração municipal. Um estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) apontou que são 42 240, número que pode chegar a 60 000, segundo projeções de especialistas que lidam com a questão.