Morador de rua é encontrado morto após noite fria em SP
Duas pessoas teriam morrido de frio, segundo Padre Julio Lancellotti
Duas pessoas em situação de rua morreram na capital paulista nas duas últimas madrugadas frias. A denúncia foi feita pelo padre Júlio Lancellotti, que desenvolve importante trabalho de cuidado com pessoas em situação de rua de São Paulo. Segundo o padre, as duas pessoas teriam morrido em decorrência do frio.
+Justiça declara inconstitucional indulto de Bolsonaro para militares
“Mais um irmão em situação de rua morto na calçada. A mesma calçada onde, a 500 metros, está o abrigo de emergência, que só recebe com encaminhamento. As equipes de abordagem humanizadas não o encontraram. A PM o encontrou depois de morto”, escreveu o padre hoje (30), em suas redes sociais. “Quantos morrerão neste inverno? Ontem um, hoje mais um”, acrescentou ele.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou uma das mortes à Agência Brasil. “Uma pessoa ainda não identificada foi encontrada morta, às 04h55 desta terça-feira (30), na Rua Taquaritinga, na Mooca”, informou o órgão. Segundo a secretaria, não havia sinais de violência. O caso foi registrado como morte suspeita no 8º Distrito Policial.
Hoje, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, comentou sobre as mortes. “Primeiro, [quero] lamentar. Nossa solidariedade às duas pessoas que, infelizmente, perderam vidas. Não temos ainda informação sobre o motivo dos dois óbitos, estamos aguardando. A prefeitura tem feito todo o trabalho com relação às baixas temperaturas, com relação a oferta de abrigos”, disse ele. “A gente tem abrigos para todas as pessoas que desejam se abrigar, além do oferecimento de cobertores”, informou.
Por meio de nota enviada à Agência Brasil, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) informou que, desde o dia 30 de abril, quando teve início a Operação Baixas Temperaturas, até a manhã de hoje (30), foram realizados 60.450 atendimentos, que resultaram em 14.631 acolhimentos. Além disso, foram distribuídos 35.328 cobertores, 207.890 itens de alimentação (sopa, pão, chocolate quente, chá e água) e 1.489 doses de vacina contra a Influenza e a covid-19.
Segundo informações do Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE), a madrugada desta terça-feira teve uma temperatura média na cidade de 15 C.
No dia 5 de maio a Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados realizou uma inspeção em equipamentos públicos da prefeitura de São Paulo voltados à população em situação de rua. A intenção dos deputados foi averiguar a situação dos centros de acolhida da capital paulista, principalmente após matérias veiculadas pelo jornal Folha de S.Paulo, que denunciaram as péssimas condições de higiene e de infraestrutura em alguns equipamentos da prefeitura, com falta de privadas e chuveiros, colchões infestados de percevejos e banheiros entupidos.
A inspeção também ocorreu após a prefeitura paulistana ter intensificado as ações de recolhimento de barracas de pessoas em situação de rua, mesmo tendo conhecimento de que não há vagas suficientes em abrigos públicos para atendimento de toda essa população, estimada atualmente em 52 mil pessoas.
Na ocasião dessa inspeção, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) informou à Agência Brasil “que a cidade possui a maior rede socioassistencial da América Latina com mais de 23 mil vagas de acolhimento para as pessoas em situação de rua. Dentre os serviços estão os Centros de Acolhida, hotéis sociais, Repúblicas para Adultos, Vilas Reencontro, serviços emergenciais da Operação Baixas Temperaturas, entre outros”. Ainda segundo a secretaria, “os encaminhamentos para os serviços de acolhimento da rede socioassistencial são efetuados de acordo com o perfil do indivíduo e com a tipologia do serviço, respeitando o histórico da pessoa ou família a ser acolhida”.