Milhares de manifestantes ocuparam a Avenida Paulista

Regina Duarte subiu em um carro de som e foi ovacionada pelo público

Por Ana Luiza Cardoso, com Estadão Conteúdo
Atualizado em 1 jun 2017, 15h49 - Publicado em 4 dez 2016, 14h08
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Protesto-vem-pra-rua-sao-paulo-20161204-046 (Ricardo Matsukawa/VEJA.com/)
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MIlhares de manifestantes tomaram a Avenida Paulista para o protesto que tem entre suas pautas o repúdio à aprovação pela Câmara dos Deputados do pacote das medidas anticorrupção e a possibilidade de enquadrar servidores do Judiciário no crime de responsabilidade. À GloboNews, PM falou em 15 000 pessoas. A organização não divulgou estimativa de participantes. 

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Vestindo camisa amarela, a atriz Regina Duarte subiu em um carro de som e foi ovacionada pelo público ao ser anunciada no microfone. A atriz gritou palavras de ordem contra a corrupção. “Os que estão aqui já sabem que precisam estar aqui”, reforçou a artista, que deu um abraço simbólico no público.

A maior parte dos manifestantes se concentrou na altura do MASP, onde está o trio elétrico do movimento Vem Para a Rua. Outros carros de som se espalharam ao longo da via. Na altura da Rua Pamplona, um deles defendia “a intervenção militar como única saída possível para o país”, nas palavras de uma manifestante ao microfone. 

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Muitos manifestantes carregavam cartazes em apoio ao juiz Sergio Moro — algumas chegaram a posar junto a uma grande imagem dele que está na avenida.

O ex-presidente Lula, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) foram os principais alvos das críticas dos participantes, que se manifestam palavras de ordem, a exemplo de “Fora, Renan!”, panelaços e cartazes, além de um “muro da vergonha”. 

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Em nota divulgada na tarde de domingo (4), Calheiros afirma que as manifestações são legítimas. “O presidente do Senado, Renan Calheiros, entende que as manifestações são legítimas e, dentro da ordem, devem ser respeitadas”, diz o texto. O peemedebista acredita ainda que, à semelhança do que houve em 2013, quando no auge das manifestações, o Senado votou propostas contra a corrupção, mais uma vez o Senado está “sensível às demandas sociais”.

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Veja como foram os protestos que tomaram conta de outras cidades do país neste domingo (4):

Belo Horizonte

Cerca de 8 000 pessoas participam de protesto na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, contra as mudanças no projeto de lei das 10 medidas contra a corrupção. A estimativa do número de participantes é da organização do protesto, que tem à frente os movimentos Vem pra Rua e Patriotas. A Polícia Militar não fará cálculo do total de pessoas na praça, segundo informou a corporação. As críticas dos manifestantes se concentram no presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), no da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ). 

Na capital mineira, porém, ao mesmo tempo em que protestavam contra as mudanças no projeto de lei, os organizadores do ato atacaram também o governador do estado, Fernando Pimentel (PT), investigado por corrupção no âmbito da Operação Acrônimo, da Polícia Federal. Uma foto do governador foi atacada com lama. O mesmo ocorreu com a de Renan Calheiros, que estava ao lado.

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Recife

Com a presença de bonecos gigantes, típicos do Carnaval pernambucano, o protesto organizado pelo grupo Vem Para a Rua reuniu cerca de 800 pessoas na beira mar do bairro de Boa Viagem, zona Sul da cidade, segundo a organização. Muitos carregam faixas e cartazes em apoio ao juiz Sérgio Moro e à Operação Lava Jato e também com críticas a parlamentares pernambucanos que votaram a favor do que eles consideram o “fatiamento e desvirtuação” do pacote anticorrupção proposto pelo Ministério Público Federal. Há também mensagens pedindo a renúncia de Renan Calheiros. Os manifestantes que participam do ato fizeram um minuto de silêncio em respeito às vítimas do acidente envolvendo a equipe da Chapecoense, profissionais da imprensa, tripulação e convidados.

Brasília

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), virou o alvo preferencial dos manifestantes que protestam em frente ao Congresso Nacional na manhã deste domingo em Brasília. As críticas a ele dizem respeito principalmente a sua articulação para acelerar a votação do pacote de medidas anticorrupção aprovada pela Câmara que contém uma proposta para punir juízes e procuradores por abuso de autoridade, iniciativa que há meses vem defendendo no Senado. Cartazes, faixas e palavras de ordem como “Fora Renan!” e “Renan não é o coronel do Brasil, ele é réu” criticaram as ações do presidente do Senado, alvo de uma série de investigações na Operação Lava Jato e que na semana passada passou a responder a processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por apropriação de recursos públicos (peculato). Cerca de 4 000 pessoas, segundo a PM, participam do ato. 

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Rio de Janeiro

Milhares de pessoas participam neste domingo do protesto na orla da praia de Copacabana, zona sul do Rio. Organizadores estimaram em 600 000 número de presentes, enquanto agentes de segurança que acompanham o protesto calcularam extraoficialmente a adesão de até 400 000. Figuravam entre os alvos do protesto o presidente do Senado, senador Renan Calheiros, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O que vimos nessa semana é um acinte, um tapa na cara com apenas 15 minutos de discussão. Ainda tem muita gente para ser presa. Ainda vamos ver a Polícia Federal prender o presidente do Senado”, discursou o delegado da Polícia Federal Jorge Barbosa Pontes, que ressaltou posteriormente a jornalistas não ter se manifestado em nome da corporação. “O povo brasileiro é mais ator hoje da Lava Jato do que o próprio juiz Sérgio Moro”, completou.

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Ribeirão Preto

A manifestação convocada pelo movimento Brasil Limpo, de Ribeirão Preto (SP), contou com a participação de membros do Judiciário e de políticos eleitos. Os organizadores avaliam que 5 000 pessoas transitaram pelo Parque Luís Carlos Raya, um dos mais movimentados do município aos domingos, durante as mais de duas horas do protesto. “A avaliação é muito positiva, pois tivemos os discursos de 15 autoridades, entre elas três juízes, quatro membros do Ministério Público e dois delegados”, disse Marcos Spinola, líder do movimento. “A mudança do local da manifestação (antes feita no centro da cidade) foi estratégica para fazer algo mais demorado, com local fixo e dar a oportunidade para que todas as autoridades do Judiciário pudessem dar a resposta ao Congresso”, completou o organizador.

A prefeita afastada de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), presa na última sexta-feira (2), também foi “lembrada” no protesto, mas apenas por meio de placas e cartazes. Nos discursos, apesar do apoio dado à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público, responsáveis pela prisão da prefeita, ela não foi citada nominalmente.  “Apoiamos a ação aqui e tentamos focar na questão Brasil. Seguimos mobilizados e esperamos que eles não nos provoquem mais”, concluiu Spinola se referindo à possibilidade de o Senado votar o projeto aprovado pela Câmara que desfigurou a proposta do Ministério Público.

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