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Livro reúne memórias que revelam transformações de São Paulo

Com mais de 1 000 lembranças dos anos 50, 60 e 70, volume é composto de histórias sobre travessuras nos bondes, compras em magazines e os primeiros cachorros-quentes nas lanchonetes do centro

Por Gisele Kato
Atualizado em 5 dez 2016, 19h27 - Publicado em 18 set 2009, 20h31
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  • Desde o fim de 2005, o site SãoPauloMinhaCidade, criado pela SPTuris, recebe relatos de moradores da capital. Concentradas nas décadas de 50 a 70, quando boa parte de seus autores era então de jovens encantados com as modernidades recém-chegadas, as memórias revelam detalhes da transformação de São Paulo em metrópole. As narrativas nem sempre são precisas, mas trazem um entusiasmo raro em registros desse tipo. Lançado na quarta-feira, em um evento na Sala São Paulo, o livro SãoPauloMinhaCidade.com, que será distribuído a escolas e bibliotecas públicas, reúne mais de 1 000 memórias selecionadas do site. “Preservamos os estilos e a oralidade dos textos”, diz uma das coordenadoras do projeto, Clara Azevedo. A compilação aproxima-se muito de uma animada roda de histórias. Confira algumas delas.

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    “Havia muitas histórias sobre São Paulo.

    Diziam que as crianças eram roubadas

    das mães ao chegar à Estação da Luz

    (na foto, em 1975) e que trombadinhas

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    com navalhas afiadas assaltavam as

    pessoas à luz do dia. Com medo, minha

    mãe costurou no bolso da minha calça

    todo o dinheiro que a gente levaria.”

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    José Aparecido Barbosa

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    “Na década de 50, fui com meu pai à galeria do Vale do Anhangabaú ver o faquir Silk, que estava havia vários dias sem comer, tentando bater o recorde mundial de abstinência. Lá estava ele, num canto do corredor, enjaulado entre cobras, com a expressão de quem parou de viver para vencer seu desafio. Na ocasião eu tinha menos de 10 anos e aquilo tudo me fascinou e me intriga até hoje.”

    Carlos Alberto Gomes

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    “Pulávamos, de costas, com o bonde (na foto, em 1966, no centro, dois anos antes de sua retirada de circulação) a 30 quilômetros por hora, onde ele estivesse. Assim, nasciam os primeiros estudantes malabaristas de São Paulo, após, claro, muitos tombos. Éramos sempre vencedores, pois o cobrador era um só para um contingente de muitos caloteiros. Aliás, a cada dia escalávamos um estudante ‘coelho’ para ser perseguido pelo velho cobrador, livrando os demais do pagamento da passagem.”

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    Luiz Renato Ribas Silva

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    “– Filha! Acorde, já são sete horas da manhã. Você quer ir ao Mappin? (Na foto, em 1983.)

    Então eu levantava, tomava o nosso café matinal e ia. Andávamos por todos os seus andares e sempre havia uma novidade, mas tinha algo que não podia deixar de levar e que minha mãe sempre pedia:

    – Não deixem de trazer minha bala predileta – uma bala de anis que não havia mais no mercado e que só encontrávamos no Mappin.”

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    Virgínia de Freitas Brito

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    “A Salada Paulista foi a pioneira do fast-food na Paulicéia. A coisa mais encantadora, além, é claro, da excelência da comida, era a forma como os atendentes contabilizavam o consumo dos clientes. Conforme o freguês consumia, o atendente anotava a lápis no mármore do balcão o valor do item pedido. Terminada a refeição, ele realizava a soma ali mesmo, na pedra, e em seguida apagava a conta esfregando um paninho úmido. Aí, então, o desfecho de ouro: terminada a transação, feito o pagamento e entregue o respectivo troco, você deixava uma gorjeta e o funcionário que a recebia gritava a todo pulmão, pois o lugar era obviamente barulhento: – Caixinhaaaaa! Ao que todos os demais integrantes do ‘exército’ respondiam em coro vigoroso: – Obrigadoooo!”

    Marcelo Pacheco

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    “A Confeitaria Vienense marcou época com os seus salões no piso superior de um casarão assobradado, onde no chá das 5 se dava o encontro das pessoas chiques. À noite, a Barão de Itapetininga se tornava uma rua de paquera ou footing. As mulheres faziam o percurso pelas calçadas da Barão, Ipiranga, 24 de Maio, Dom José de Barros, e os homens ficavam postados no meio-fio, olhando o desfile e esperando ser os escolhidos para uma sessão de cinema. Quem permanecia no trecho da Confeitaria Vienense tinha o privilégio de ficar ouvindo as músicas, geralmente uma orquestra de cordas, com um piano bem executado. Tudo isso na década de 50.”

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    Turan Bei

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    “Entre os anos 60 e 80, ir aos cinemas de São Paulo era um compromisso social. Você ia bem vestido, com um bom perfume – um Lancaster ou um Rastro –, uma calça bem alinhada e sapatos lustrosos. Tudo isso traz as seguintes saudades… Saudade dos sofás do Cine Marrocos, da sessão da meia-noite do Cine Metrópole. Saudade do chique Cine Windsor, na Avenida Ipiranga, onde estreou o filme Help!, dos Beatles. Saudade do pequeno Cine Bijou, na Praça Roosevelt, do aconchegante Cine Coral, na Rua 7 de Abril. Saudade do popular Cine Art Palácio, do requintado Marabá, do acolhedor Cine Regina, do elegante Cine Metro (na foto, em 1983) e do Cine Espacial, todos na Avenida São João.”

    Rubens Rosa

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    “Os Jardins já eram os Jardins, as escolas da região, as mesmas de hoje, os clubes também, mas não havia o Shopping Iguatemi. Em seu lugar, existia uma chácara, um grande terreno arborizado, que se destacava para nós, crianças, por um grande atrativo: acorrentada a uma árvore, víamos maravilhados uma oncinha! Não sei dizer quanto tempo ela lá permaneceu, mas às vezes, quando vejo o shopping, sinto saudade de ver a oncinha…”

    Maria Cristina Masagão

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